Botswana: 500 abutres morrem depois de se alimentarem de carcaças com veneno

Mais de 500 abutres de espécies ameaçadas morreram envenenados depois de comerem as carcaças de três elefantes mortos por caçadores furtivos no Bostwana, revelou o Governo deste país.

Um total de 537 abutres e duas águias-rapace (Aquila rapax) foram encontrados mortos num local do Norte deste país africano, especificou hoje a agência de notícias AFP.

A maioria das aves, 468, eram grifos-africanos (Gyps africanus), classificados como Criticamente Em Perigo de extinção na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Entre as aves mortas estavam também 17 abutres-de-cabeça-branca (Trigonoceps occipitalis) e 28 abutres-de-capuz (Necrosyrtes monachus), que têm o mesmo estatuto de ameaça.

“Acredita-se que o envenenamento tenha sido causado pela colocação de um químico tóxico nas três carcaças de elefantes abatidos ilegalmente”, disse o Departamento de Vida Selvagem e Parques Nacionais do Botswana, citado pela AFP.

Equipas de peritos já descontaminaram a área em causa e recolheram análises que serão trabalhadas em laboratório.

Aquele Departamento não diz quando é que as aves foram encontradas ou porque foi colocado veneno nos três elefantes, depois de estes terem sido mortos.

Mas, salienta a AFP, sabe-se que os caçadores furtivos frequentemente põem veneno nas carcaças para afectar os abutres. Isto porque estas são aves que sobrevoam as carcaças em círculos, o que ajuda os guardas dos parques a detectarem casos de caça ilegal.

Na semana passada, conservacionistas alertaram para um aumento súbito da caça furtiva ao elefante no Botswana e estimaram que em 2017 e 2018 cerca de 400 animais tenham sido abatidos por causa do marfim.

Recentemente, o país decidiu levantar a moratória à caça aos elefantes, justificando que a medida irá ajudar a controlar a população destes animais e reduzir os danos causados aos agricultores.


Saiba mais.

Descubra aqui quantas e quais as espécies de abutres de África que estão ameaçados de extinção.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.