Caça furtiva ao rinoceronte em África atinge novo máximo em 2015

Em 2015 foram mortos 1.305 rinocerontes em África por caçadores furtivos. Não há registo de um número tão elevado, revela a organização internacional contra o tráfico de espécies selvagens. Esta crise está a aumentar, alerta ainda.

 

Segundo as contas da TRAFFIC – organização que, desde 1976, monitoriza o tráfico de espécies selvagens -, o número de rinocerontes abatidos no continente africano subiu dos 1.299 em 2014 para os 1.305 no ano passado. “Para África como um todo, este é o pior ano para a caça furtiva aos rinocerontes em décadas”, disse Tom Milliken, especialista em rinocerontes naquela organização, com sede em Cambridge (Reino Unido) e com seis equipas regionais espalhadas pela Europa, Ásia, África e América do Norte.

Este novo pico explica-se com o aumento da caça furtiva na Namíbia – de 24 rinocerontes mortos em 2014 passou para 80 em 2015 – e no Zimbabwe – de 12 para pelo menos 50. Estes dois países são vizinhos da África do Sul, país onde são abatidos de forma ilegal mais rinocerontes, com um total de 1.175 no ano passado.

Ainda assim, a África do Sul registou uma ligeira descida em relação a 2014, ano em que morreram 1.215 rinocerontes. “Estes números dificilmente são motivo de celebração”, comentou Sabri Zain, responsável pelas políticas contra o tráfico de espécies selvagens na organização. “Os números continuam inaceitavelmente elevados e a escala da caça furtiva aos rinocerontes, no continente, está a aumentar.”

A tendência é o alastrar do problema do seu epicentro, África do Sul, para os vizinhos Zimbabwe e Namíbia. “Isto não quer dizer que a crise tenha acabado na África do Sul. Apesar de alguns esforços já feitos continuamos muito longe de ver luz ao fundo do túnel”, acrescentou Milliken.

Dos quatro grandes países com populações de rinocerontes, apenas o Quénia regista uma redução significativa da caça furtiva em 2015.

Em meados de Janeiro, várias medidas de conservação destes animais foram aprovadas numa reunião da CITES (Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora) em Genebra, Suíça. Moçambique deverá implementar o seu Plano de Acção pelos Rinocerontes e do Marfim Nacional. Além disso, este país e a África do Sul deverão finalizar um plano de acção conjunto para combater a caça furtiva. A África do Sul e o Vietname (principal destino dos chifres de rinocerontes que está a tentar reduzir a procura nacional deste produto) vão reforçar a colaboração para melhorar a investigação criminal.

Em Setembro deste ano, a África do Sul vai receber a 17ª Conferência das Partes (COP17) da CITES, onde a conservação dos rinocerontes será um dos temas no topo da agenda.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.