Foto: Helena Geraldes/Wilder

Cada dia sem acção climática é um “dia perdido”, diz Sir David Attenborough

O naturalista britânico David Attenborough avisou hoje os líderes mundiais que será demasiado tarde para travar as alterações climáticas se a cimeira climática da ONU na Escócia, que começa a 31 de Outubro, fracassar. Os países mais ricos têm a responsabilidade moral de agir.

A COP26 do clima vai começar em Glasgow, na Escócia, a 31 de Outubro. É considerada a última grande oportunidade para abrandar o aumento das temperaturas e para convencer os líderes mundiais a adoptar metas climáticas mais exigentes.

Attenborough, de 95 anos, disse à BBC que será “verdadeiramente catastrófico” se as nações mais ricas falharem no apoio às nações mais pobres e que o tempo se está a esgotar.

“Cada dia que passa em que não fazemos nada sobre isto é um dia perdido”, comentou. “Se não agirmos agora, será tarde demais.”

As Nações Unidas disseram ontem que as concentrações de gases com efeito de estufa (GEE) bateram um recorde no ano passado e que o mundo está longe de conseguir limitar o aumento das temperaturas. Com os actuais compromissos internacionais de redução das emissões de GEE, o planeta deverá atingir um aumento de 2,7ºC neste século.

Contudo, o objectivo é que esta COP26, que vai decorrer até 12 de Novembro, consiga garantir o necessário para limitar a subida das temperaturas nos 1.5ºC acima dos níveis pré-Revolução Industrial e alcançar a neutralidade carbónica até 2050.

Attenborough disse ainda que as nações mais ricas têm um dever de ajudar os países mais pobres porque a industrialização foi um dos principais factores na origem das alterações climáticas. O naturalista britânico avisou que regiões inteiras de África tornar-se-ão inabitáveis.

Neste momento há dúvidas sobre o sucesso da COP26, em parte por causa da falta de comparência de alguns líderes mundiais nesta conferência. Um dos líderes com maior peso, o Presidente chinês Xi Jinping, não deverá comparecer, avançou hoje a agência de notícias Reuters. Em seu lugar deverá estar o vice ministro do Ambiente Zhao Yingmin e Xie Zhenhua, apontado pelo Governo chinês como o enviado para o clima.

Mas o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que representa o terceiro país do mundo com mais emissões, vai comparecer na COP26.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.