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Caixas-ninho construídas em prisão moram agora num parque da Guarda

Os reclusos do Estabelecimento Prisional da Guarda construíram 50 caixas-ninho. Metade foram agora colocadas em diversos pontos do Parque Urbano do Rio Diz, na mesma cidade.

 

Objectivo? “Proporcionar uma zona de nidificação e de abrigo”, adianta em comunicado o núcleo regional da Quercus na Guarda, responsável pela iniciativa.

 

Colocação das caixas-ninho. Foto: Quercus Guarda

 

“Temos um problema em muitos meios urbanos que é o desaparecimento de um certo tipo de aves”, disse à Wilder Fernando Gouveia, do núcleo regional. Por um lado, a agitação das cidades perturba-as e faz com que abandonem os ninhos; por outro, os prédios modernos não são convidativos e as árvores com buracos, por serem velhas, acabam cortadas. Sem poderem nidificar, as aves afastam-se.

Por isso, para chegar a um maior número de espécies, na marcenaria da prisão construíram-se dois tipos de caixas-ninho. “Umas têm a abertura maior e são dirigidas, por exemplo, a melros, tordos, rabirruivos e piscos. As que foram construídas com abertura mais pequena são mais adaptadas para aves como os chapins e os pardais.”

Os ninhos artificiais foram instalados esta terça-feira em vários pontos do parque, que tem cerca de 20 hectares, com a ajuda de 150 alunos de duas escolas locais, dos 7 aos 14 anos.

 

Próximos passos?

A acção não vai ficar por aqui. A partir de agora, vai ser preciso vigiar os locais das caixas – que ficaram todos registados – e descobrir se há boas novidades. Depois, ir acompanhando as crias e perceber quais são as aves que ali gostam de nidificar – “um dos pontos mais importantes” no âmbito desta iniciativa.

Quanto às restantes 25 caixas-ninho, deverão ser colocadas também nas próximas semanas, num outro espaço verde da Guarda. Até porque já não há muito tempo disponível, pois a nidificação costuma acontecer em regra até ao final de Fevereiro, nota o mesmo responsável.

Esta iniciativa foi patrocinada pela Transdev, empresa de transporte público de passageiros que tem uma parceria com a Quercus, que inclui também acções de reflorestação e outras ligadas à biodiversidade.

 

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.