Canadá preocupado com mortalidade “sem precedentes” de baleias

Em pouco mais de um mês foram encontradas 10 baleias-francas-do-atlântico-norte mortas nas águas do Canadá. O Governo está preocupado com o que está a acontecer a esta espécie ameaçada e fala em mortalidade “sem precedentes”.

 

Entre 7 de Junho e 19 de Julho foram encontradas mortas 10 baleias-francas-do-atlântico-norte (Eubalaena glacialis) no golfo de Saint-Laurent. O Ministério canadiano de Pescas e Oceanos (MPO) diz-se “preocupado”, especialmente por tratar-se de uma espécie ameaçada de extinção. Actualmente a população mundial está estimada em apenas 500 animais, sublinha.

Desde o início de Junho, as autoridades têm vindo a realizar necropsias para tentar apurar as causas desta mortalidade súbita. “O MPO e os seus parceiros trabalham o mais depressa possível para avaliar em profundidade as causas possíveis destas mortes”, segundo um comunicado do ministério.

Segundo o jornal francês Le Monde, os resultados das necropsias às primeiras baleias encontradas deverão ser revelados ainda este mês.

Os conservacionistas suspeitam que na origem destas mortes possam estar as colisões com barcos de pesca, tendo em conta o tipo de lesões encontradas em vários cadáveres.

A 20 de Julho, um dia depois de ter sido encontrada a oitava baleia morta, o ministro canadiano das Pescas, Dominic LeBlanc, anunciou o fim antecipado da época de pesca ao caranguejo na zona Sul do golfo de Saint-Laurent. “As mortes recentes das baleias (…) não têm precedentes” e a suspensão da pesca “é uma medida importante para remediar a situação”, justificou o Ministério.

A decisão de terminar mais cedo esta pesca foi bem recebida na comunidade piscatória, uma vez que a quota autorizada para este ano já estava a 98%.

Além disso, o ministro LeBlanc pediu aos pescadores para reduzirem a velocidade dos barcos entre as ilhas de Madeleine e Gaspésie, até 30 de Setembro.

De momento estão a ser realizados voos de monitorização sobre as costas do golfo de Saint-Laurent para tentar detectar outras baleias mortas e para confirmar a posição das baleias vivas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.