Cegonha-branca começa a nidificar no Parque Biológico de Gaia

Quando chega a Primavera, as aves ocupam-se da construção dos seus ninhos. No Parque Biológico de Gaia há pelo menos cerca de 50 espécies que o fazem. Mas este ano há uma espécie nova, a cegonha-branca (Ciconia ciconia).

 

O poste de madeira com um cesto de verga em cima foi colocado no Parque Biológico de Gaia no ano passado. “Lembrámo-nos de colocar um ninho artificial porque uma das 13 cegonhas-brancas irrecuperáveis que vivem aqui começou a voar. E não se ia embora”, contou à Wilder Nuno Gomes Oliveira, o director daquele parque, com 35 hectares às portas da cidade de Vila Nova de Gaia.

Nesta Primavera, esta fêmea conseguiu atrair um macho selvagem e começaram a ocupar o ninho, acrescentando-o ao seu gosto.

“Não conseguimos ver lá para dentro para saber se há ovos, é claro, mas acho que vamos ter criação. Foram vistas várias vezes a copular e permanecem muito tempo no ninho, talvez a chocar os ovos”, acrescentou.

 

 

Nuno Gomes Oliveira salienta que este é o primeiro ninho de cegonha-branca em Vila Nova de Gaia e concelhos limítrofes. Em 2013 foi descoberto um em Vila do Conde mas a nidificação desta espécie na região é coisa rara.

“Antigamente não se viam aqui cegonhas. Agora, começamos a assistir à passagem de bandos de cegonhas selvagens. Está a haver uma dispersão enorme”, notou o responsável.

A área do Parque Biológico de Gaia “é relativamente sossegada, apesar da proximidade das estradas e auto-estradas, e há alimento no vale do rio Febros”. Este pode ser o início de uma nova população da espécie na região.

Segundo o VI Censo Nacional da Cegonha-branca, realizado de Março a Junho de 2014, existiam 11.694 ninhos de cegonha em Portugal. O distrito com maior número de ninhos registados era Beja; o Porto não contabilizou nenhum ninho.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Se visitar o Parque Biológico de Gaia por estes dias, Nuno Gomes Oliveira aconselha-o a procurar observar:

  • o casal de milhafre-preto que, por estes dias, já chegou de África e aqui nidifica pelo 4º ano consecutivo;
  • as cegonhas-brancas;
  • as garças;
  • os chapins;
  • os esquilos-vermelhos.

E se levar a câmara fotográfica pode ainda participar na 13ª edição do Concurso Nacional de Fotografia de Natureza Parques e Vida Selvagem, organizado pelo Parque Biológico de Gaia, até 30 de Abril. Saiba mais aqui.

 

[divider type=”thick”]Sabia?

A cegonha-branca foi a primeira espécie alvo de um recenseamento da população nidificante a cobrir a maioria do território português, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Esse levantamento foi realizado no final da década de 50 por Santos Júnior e teve como base a realização de inquéritos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.