Censo revela que 354 abetardas passaram o Inverno na Andaluzia

O censo à população invernante de abetardas (Otis tarda) na Andaluzia registou um total de 354 aves distribuídas em 13 núcleos, revelou nesta segunda-feira a Junta andaluza.

 

Segundo os resultados destas contagens, da responsabilidade da Consejería de Meio Ambiente y Ordenación del Territorio daquela Junta, dos 354 animais, 98 são machos e 256 fêmeas. A população invernante registou um aumento de 1,3% em relação a 2003.

As abetardas distribuíram-se por 13 núcleos nas províncias de Córdova, Sevilha, Jaén e Huelva. A maioria das abetardas, mais concretamente 71%, concentrou-se junto às Zonas de Protecção Especial (ZPE) das estepes cerealíferas de Sevilha e do Alto Guadiato (Córdova).

Na Andaluzia, esta espécie distribui-se especialmente em estepes cerealíferas, repartidas em duas sub-populações geograficamente diferentes, uma a noroeste de Córdova e outra no Vale do Guadalquivir. De acordo com um comunicado da Junta da Andaluzia, os núcleos a ocidente de Huelva estão “estreitamente ligados com os núcleos do Algarve português”.

Até a meados do século passado, a abetarda tinha um território amplo em boa parte da Península Ibérica. Mas nas últimas décadas, a ave tem vindo a perder densidade populacional e áreas de distribuição. Segundo a Junta andaluza, a situação é explicada pelo abandono das práticas agrícolas tradicionais e um aumento da mecanização do trabalho agrícola. “As principais ameaças à espécie incluem a redução, fragmentação e deterioração do habitat – transformação de culturas de sequeiro em olivais e pomares e destruição de sebes naturais -, a mortalidade não natural – colisão com linhas eléctricas – e a dimensão das populações dos outros núcleos, que se encontram no limite da sua viabilidade e os tornam especialmente sensíveis a outras ameaças.”

Em Portugal, a abetarda é uma espécie residente e está classificada como Em Perigo, pelo Livro Vermelho dos Vertebrados (2005). Em 2002, a população nacional era de 1.150 indivíduos, com uma tendência de extinção dos núcleos populacionais mais pequenos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.