Cegonha-branca. Foto: Matthias Barby/Wiki Commons

Cerca de 500.000 aves migradoras já passaram o Estreito de Gibraltar

Entre 5 de Julho e 15 de Outubro deste ano, ornitólogos da Fundación Migres e 45 colaboradores, contaram um total de 473.000 aves migradoras que passaram pelo Estreito de Gibraltar a caminho de África.

 

Descobrir mais sobre a migração outonal das aves, dos locais de reprodução no Norte para os locais de invernada no Sul, é o grande objectivo do Programa espanhol Migres Planeadoras.

De 5 de Julho a 15 de Outubro, especialistas registaram diariamente a passagem das aves pelo Estreito de Gibraltar, a partir dos observatórios de Cazalla e Algarrobo.

Das 473.000 aves registadas, 335.000 são aves de rapina de 33 espécies diferentes e 138.000 são cegonhas (das quais 4.000 cegonhas-pretas).

Segundo a Fundación Migres, as espécies mais comuns foram o milhafre-preto (Milvus migrans) com 170.000 indivíduos; a cegonha-branca (Ciconia ciconia) com 134.000 indivíduos; o bútio-vespeiro (Pernis apivorus) com 91.000 indivíduos; a águia-calçada (Hieraaetus pennatus) com 37.000 e a águia-cobreira (Circaetus gallicus) com 24.000.

Passaram ainda 3.500 abutres-do-egipto (Neophron percnopterus).

Além disso, não passaram despercebidas dezenas de garças e 87.000 passeriformes de 61 espécies, incluindo 27.000 abelharucos (Merops apiaster).

Migres é um programa de seguimento, a longo prazo, da migração das aves pelo Estreito de Gibraltar. Todos os anos se fazem contagens diárias, sempre nos mesmos observatórios e nos mesmos horários.

O programa começou em 1997 (com as aves planadoras) e em 2001 (aves marinhas) sendo actualmente um dos maiores esforços de seguimento de aves migradoras na Europa.

Esta viagem é feita pelas aves que vão passar o Inverno a África, escapando aos climas mais frios que se fazem sentir na Europa. Para muitas, a viagem começa logo no final do Verão.

Segundo explicou João E. Rabaça, professor da Universidade de Évora e coordenador do LabOr – Laboratório de Ornitologia, as aves migram para encontrar os recursos necessários para sobreviver, essencialmente alimento e abrigo. Saiba mais sobre a migração das aves aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.