Cachalote com uma cria (arquivo). Foto: Gabriel Barathieu/Wiki Commons

Cerca de 30 cachalotes deram à costa europeia nas últimas semanas

Ainda não se sabe o porquê mas nas últimas duas semanas 29 cachalotes (Physeter macrocephalus) já deram à costa no Mar do Norte, mais concretamente na Alemanha, Holanda, Reino Unido e França. As autoridades estão a investigar a causa destes arrojamentos.

 

Os arrojamentos começaram a 9 de Janeiro na Alemanha. Até agora, 16 baleias apareceram nas praias do litoral alemão, seis na costa holandesa, seis na costa britânica e um na costa francesa. Os cachalotes são encontrados ainda com vida, mas demasiado fracos para sobreviver.

O caso mais recente é o de um cachalote macho, com 14 metros de comprimento, encontrado hoje numa praia da costa de Norfolk, no Reino Unido, noticia a BBC News. Durante várias horas, as equipas na praia tentaram salvar a vida a esta baleia, encontrada a poucos metros do local onde uma outra morreu, a 22 de Janeiro. “Os prognósticos são muito maus. É muito pouco provável que sobreviva”, disse à BBC News Kieran Copeland, do Hunstanton Sea Life Sanctuary. A sua principal preocupação era manter a baleia confortável.

“Não há nada que possamos fazer; é um animal que deve pesar entre 25 e 30 toneladas”, comentou Stephen Marsh, gestor das operações naquela praia. Esta é a sexta baleia que deu às costas britânicas nos últimos dias – nas praias de Skegness, Lincolnshire e Hunstanton – e já é considerado o maior arrojamento registado no país nos últimos 100 anos. “É muito triste, mas temos de deixar a natureza seguir o seu curso.”

Na quarta-feira à noite foi encontrada uma baleia na Alemanha e na noite anterior, em França.

As causas destas mortes nas costas do Mar do Norte ainda estão por confirmar, mas ao que tudo indica serão de origem natural. Os especialistas acreditam que os animais deverão pertencer a um único grupo que tem arrojado na Alemanha, Holanda, Reino Unido e França.

Os primeiros resultados das necropsias indicam que as baleias tinham os estômagos quase vazios e estavam num grande estado de fraqueza. Ouvido pelo jornal The Guardian, Rob Deaville, do UK Cetacean Strandings Investigation Programme, disse ser “razoável assumir” que o grupo entrou no Mar do Norte à procura de alimento.

Segundo a Universidade dos Açores, os cachalotes vivem em águas profundas de todos os oceanos e alimentam-se de polvos, potas e lulas, podendo mergulhar a mais de 2.000 metros de profundidade para os encontrar. Os animais adultos podem consumir, em média, mais de uma tonelada de alimento por dia, ou seja, 2.5 a 4% do seu peso.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.