Chile chumba projecto mineiro para proteger pinguins e baleias

O Governo chileno rejeitou os planos de uma empresa para a exploração mineira de ferro porque iria prejudicar a vida marinha, incluindo espécies ameaçadas de pinguins e baleias. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira.

 

Em conferência de imprensa, o Governo chileno anunciou que decidiu chumbar o projecto Dominga da empresa chilena Andes Iron que pretendia extrair 12 milhões de toneladas/ano de concentrado de ferro e 150 mil toneladas/ano de concentrado de cobre na região de Coquimbo, no Norte do país, e construir um novo porto.

Tudo porque que as medidas de mitigação, compensação e recuperação ambiental não são as apropriadas, tendo em conta os impactos significativos do projecto, com uma vida útil de 27 anos.

Coquimbo, onde deveria ser construída a mina a céu aberto, é próxima das ilhas que formam a Reserva chilena dos Pinguins de Humbolt. Aqui vive 80% da população mundial de pinguins desta espécie (Spheniscus humboldti) e outras espécies emblemáticas, como as baleias-azuis, baleias-comuns e lontras marinhas.

Além dos impactos previsíveis para a vida selvagem, o Governo salienta os impactos na qualidade do ar, ruído e risco de acidentes e derrames.

“Enquanto ministro do Ambiente acredito firmemente no desenvolvimento mas este não pode ser feito à custa do património natural, mais ainda em zonas ecológicas de valor único no mundo”, disse Marcelo Mena, na conferência de imprensa.

O ministro explicou ainda que a decisão do Governo foi tomada tendo em conta o processo de avaliação ambiental e 14 documentos pedidos a quatro sub-secretarias e a 10 serviços do Estado e não teve quaisquer “considerações políticas”.

A Sociedade Nacional chilena Mineira (Sonami) já reagiu, considerando que esta decisão “são más notícias para o sector mineiro e para o país”, segundo a agência espanhola EFE. Por seu lado, a empresa Andres Iron avançou que vai apresentar recurso.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.