China vai deixar de comercializar marfim para salvar elefantes

A China vai proibir, gradualmente, o processamento e o comércio de marfim até ao final de 2017, anunciou o Governo central a 30 de Dezembro de 2016. Os traficantes de marfim acabam de perder um dos seus maiores mercados.

 

Esta decisão não é uma surpresa. Em 2015, o Presidente chinês Xi Jinping tinha anunciado que a China iria proibir o comércio de marfim no seu território. Mas agora foram anunciadas datas concretas.

Ainda este ano, o país vai acabar com todas as vendas legais de marfim, tanto físicas como online. Esta proibição vai afectar as 34 fábricas de processamento de marfim a operar na China, bem como 143 postos de venda. Até ao final de Março serão encerradas dezenas de lojas, segundo a Administração Florestal Estatal chinesa.

Além disso, as pessoas que se dedicam a esculpir marfim serão encorajadas a mudar de negócio, por exemplo, trabalhando em museus no restauro de relíquias culturais.

A par deste esforço, as autoridades vão sensibilizar os cidadãos para a conservação dos elefantes africanos e reforçar o seu trabalho para garantir que a lei é cumprida, com uma aposta na detecção de locais de venda ilegal e no bloqueio de canais de tráfico físicos ou a operar na Internet.

“Estas são excelentes notícias que irão encerrar o maior mercado de marfim do mundo”, comentou Aili Kang, directora-executiva da Wildlife Conservation Society para a Ásia. Na sua opinião, esta medida “vai ajudar a garantir que os elefantes tenham uma hipótese para lutar contra a extinção”.

As organizações WWF e TRAFFIC também já saudaram a decisão chinesa. “Encerrar o maior mercado legal de marfim do mundo vai evitar que as pessoas na China e em outros países comprem marfim e vai dificultar o trabalho aos traficantes que querem vender os seus stocks ilegais”, comentou Lo Sze Ping, responsável pela WWF-China. Entre 2009 e 2014 foram ilegalmente exportadas de África 170 toneladas de marfim.

Actualmente, os maiores mercados de marfim são a China, Hong Kong e Estados Unidos. Para alimentar a procura, milhares de elefantes são abatidos todos os anos. Segundo a WWF, em 2015 morreram 20.000 animais em todo o continente africano.

Entre 2010 e 2012 terão morrido 100.000 elefantes, de uma população estimada em menos de 500.000, segundo as Nações Unidas.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.