Cientistas alertam que restam menos elefantes africanos do que pensávamos

A conservação do elefante africano da floresta tropical tem sido condicionada pelo pouco que sabemos sobre este grande animal, alertam os investigadores.

 

Um novo estudo publicado na revista PLOS ONE por uma equipa internacional de 10 cientistas divulga nova informação que, acreditam, pode ajudar a proteger melhor estes elefantes das cada vez maiores ameaças à sua existência.

O artigo sugere que a população de elefante africano da floresta tropical (Loxodonta cyclotis) – uma das duas espécies de elefantes africanos, além do elefante africano da savana (Loxodonta africana) – é mais pequena do que se pensava, deixando esta espécie numa posição mais perigosa.

O estudo baseou-se no facto de uma das maiores populações conhecidas – no Sul do Gabão – ser, afinal, entre 40 e 80% mais reduzida do que se pensava.

Apesar de a população desta espécie ter declinado dramaticamente nas últimas décadas, por causa de perda de habitat e caça ilegal, a verdade é que tem sido pouco estudada.

“Os elefantes africanos da floresta tropical são uns dos animais mais ameaçados, mas a sua biologia e comportamento continuam muito pouco compreendidos”, comentou, em comunicado, Nelson Ting, da Universidade norte-americana de Oregon e um dos autores do estudo. “É precisa mais informação para descobrir as melhores formas para protegê-los e evitar a sua extinção.”

Durante muito tempo pensou-se que o continente africano só tinha uma espécie de elefante.

Mas, uma investigação publicada em Dezembro de 2010 na revista científica PLoS Biology, confirmou que, afinal, existiam duas espécies: o elefante africano da floresta tropical (Loxodonta cyclotis) e o elefante africano da savana (Loxodonta africana), este último mais conhecido. Na verdade, estes animais são muito diferentes entre si. Apesar de viverem em ambientes diferentes e terem comportamentos distintos, o que salta mais à vista é a diferença de tamanho. O elefante da savana tem uma altura média de 3,5 metros e um peso entre as seis e as sete toneladas, enquanto o elefante da floresta tropical tem uma altura de 2,5 metros e um peso entre as três e as quatro toneladas. Além disso, há uma grande diversidade genética entre as duas espécies.

Agora, este estudo apela à necessidade de um maior estudo e protecção do elefante da floresta tropical.

“O Gabão será o bastião desta espécie”, disse Ting. “Mas até os nossos resultados mais optimistas sugerem uma população mais pequena do que pensávamos.”

Na sua opinião, “é imperativo que as populações conhecidas sejam monitorizadas para disponibilizar dados rigorosos” que ajudem a planear estratégias de conservação

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.