largada de balões
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Cientistas avisam que este é o lixo mais perigoso para as aves marinhas

Entre o lixo que se acumula nos oceanos, os balões são os que apresentam maior perigo, concluiu uma equipa de cientistas que analisou as causas da morte de 1.733 aves marinhas, de 51 espécies diferentes.

 

O estudo, realizado por investigadores na Austrália e publicado na revista Scientific Reports na última sexta-feira, concluiu que uma em cada três das aves analisadas tinham ingerido lixo marinho.

“Os dados mostraram que uma ave marinha que ingeriu apenas um item de plástico tem 20% de hipóteses de morrer, o que sobe para 50% se ingerir nove itens e para 100% no caso de 93 itens”, indicou também a equipa, em comunicado.

A ingestão de lixo marinho é hoje reconhecida como uma ameaça para as aves, mas ainda há poucas análises sobre a relação entre o tipo de objectos que estas engolem e a taxa de mortalidade.

“Entre as aves que estudámos a principal causa de morte foi um bloqueio do tracto gastrointestinal, seguido por infecções ou outras complicações causadas por obstruções gastrointestinais”, adiantou o autor principal do artigo científico, Lauren Roman.

“Embora os plásticos moles representem apenas cinco por cento dos itens ingeridos, foram responsáveis por mais de 40% das mortes. Balões ou fragmentos de balões foram o principal lixo marítimo a causar mortalidade e mataram uma em cada cinco das aves marinhas que os ingeriram.”

Os resultados do estudo indicam que os objectos de plástico rígido podem passar rapidamente pelo intestino. Pelo contrário, itens de plástico mais maleável como os balões têm mais tendência a acumular-se e a ficarem compactados, causando obstruções fatais.

Ainda assim, alertou Lauren Roman, todos os plásticos representam uma ameaça mortal para as aves marinhas: “Se comerem plástico, o risco de morte aumenta, e mesmo só um objecto pode ser fatal. Há menos possibilidades de morte com a ingestão de plásticos rígidos, mas apesar de tudo representaram mais de metade das causas de morte nas aves que analisámos.”

O estudo foi liderado por uma parceria entre o IMAS-Institute for Marine and Antarctic Studies, da Universidade da Tasmânia, e a agência governamental australiana para a investigação científica, Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation.

Em Portugal, tal como em muitos outros países europeus, as largadas de balões com hélio em espaços públicos continuam a ser legalmente permitidas, mas estão proibidas na Noruega, em vários municípios do Reino Unido e em várias regiões dos Estados Unidos e da Austrália.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.