Borboleta noturna grande-pavão-noturno (Saturnia pyri). Foto: Velela/Wiki Commons

Cientistas concluem que borboletas nocturnas são polinizadores vitais

Uma equipa de cientistas da University College London (UCL) analisou o comportamento de borboletas nocturnas e concluiu que são importantes transportadores de pólen no meio rural inglês.

 

O estudo foi publicado na revista científica Biology Letters e demonstra que o transporte de pólen realizado pelas borboletas nocturnas “é maior e mais complexo do que as redes dos polinizadores diurnos”, indica a UCL.

Estas borboletas pertencem ao grupo dos lepidópteros, tal como as borboletas diurnas, e são também chamadas de mariposas ou traças. De acordo com os investigadores, transportam pólen de muitas das plantas normalmente visitadas por borboletas, abelhas e abelhões, mas também outras espécies de flora menos visitadas por aquelas.

Por outro lado, costumam transportar o pólen muitas das vezes agarrado ao tórax ventral (peito) e não com a probóscide (língua), o que permite que seja mais fácil a transferência para outras plantas.

Ao contrário das suas congéneres diurnas, estas borboletas sentam-se muitas vezes nas flores enquanto se alimentam, o que leva a que os pêlos do corpo toquem nos órgãos reprodutivos das flores, explica o autor principal do estudo, Richard Walton.

“As borboletas nocturnas têm um papel ecológico importante mas subvalorizado. Complementam o trabalho dos polinizadores diurnos, ajudando a manter a população de plantas diversa e abundante.”

 

Em perigo e negligenciadas

Segundo este investigador, estes insectos também “providenciam uma espécie de cópia de segurança natural à biodiversidade” e sem eles “muitas mais espécies de plantas e animais, incluindo aves e morcegos que delas dependem para comer, estariam em risco”.

Os cientistas chamam também a atenção para a situação actual destes insectos, que enfrentam fortes declínios populacionais um pouco por todo o mundo.

“As borboletas nocturnas, que têm muitas mais espécies do que as abelhas, têm sido negligenciadas pela pesquisa sobre polinizadores”, nota outro autor do estudo, Jan Axmacher. “O nosso estudo revela a necessidade urgente de serem incluídas na gestão agrícola futura e nas estratégias de conservação para ajudarmos a travar o declínio.”

“Precisamos também de mais pesquisa para compreendermos o seu papel único e vital como polinizadores, incluindo o papel ainda desconhecido que t|em em colheitas agrícolas”, concluiu.

 

 

 

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.