Ninho de gaivota. Foto: Eliens/Pixabay

Cientistas descobrem porque há ovos mais escuros do que outros

Novas pesquisas indicam que as temperaturas são uma das principais causas para determinar se os ovos das aves têm tons mais escuros ou claros.

“Os ovos em locais mais frios são castanhos escuros e à medida que caminhamos para os trópicos e mesmo para a zona temperada, há mais pressões de selecção competitiva, por isso há mais variação nas cores”, referiu Daniel Hanley, da Universidade de Long Island, numa notícia do The Guardian.

Este investigador da universidade nova-iorquina é co-autor de um artigo publicado no final de Outubro pela revista Nature Ecology and Evolution.

A equipa responsável por esta pesquisa analisou a cor e o brilho de ovos de 634 espécies de aves, recorrendo a colecções guardadas em museus de história natural, comparando com a região onde cada uma dessas espécies se reproduz.

De seguida, pegaram nos resultados e elaboraram um mapa, onde se percebe que ovos de tons mais escuros são mais comuns em regiões mais frias do planeta, enquanto as cores variam mais e o brilho é maior em locais de temperaturas mais elevadas. Nestes últimos, podem encontrar-se ovos com tons que vão desde o azul ao castanho.

Qual a razão para cores mais escuras?

Os investigadores concluíram que uma vantagem dos ovos mais escuros é a maior capacidade de absorverem o calor, uma vez que as pequenas aves não têm capacidade para regularem a sua própria temperatura quando estão dentro da casca.

Para testarem essa hipótese, pegaram em ovos de galinhas de raças diferentes – castanhos, azuis e brancos – e compararam quanto tempo levavam a aquecer ao sol. Concluíram que os castanhos eram mais rápidos e mantiveram o calor por mais tempo.

Mas ainda assim, ficaram questões por responder. Quanto à maior variedade de cores e de padrões onde há mais calor e intensidade solar, os investigadores continuam divididos entre várias hipóteses, incluindo a resistência da casca e a protecção face aos predadores.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.