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Cientistas descobrem que os elefantes mais velhos acasalam mais

Equipa internacional descobriu que os elefantes das savanas africanas, à medida que envelhecem, investem mais energia na procura de fêmeas para procriarem. E parecem ter sucesso.

Investigadores da Universidade de Oxford, da Universidade do Estado do Colorado e da organização Save the Elephants compararam os movimentos de elefantes africanos (Loxodona africana) durante e fora da época do cio, quando estes animais têm uma intensa actividade sexual influenciados pela libertação de testosterona.

Recorrendo a dados obtidos por GPS e através de observações directas, no âmbito do projecto de monitorização da Save the Elephants, estudaram os percursos de 25 elefantes machos com idades entre os 20 e os 52 anos, em duas reservas do norte do Quénia. Os resultados foram publicados esta semana no Journal of Animal Ecology.

Conclusão? “À medida que envelhecem, os elefantes movem-se mais durante a época do cio e menos quando estão fora desta época”, indica um comunicado da Universidade de Oxford, que sublinha que os elefantes mais velhos ficam mais activos do que os jovens e que esse comportamento é diferente do de outras espécies.

Assim, embora as distâncias percorridas aos 20 anos sejam semelhantes dentro e fora do cio, pelos 50 anos “os machos viajavam duas vezes mais depressa e em áreas 3,5 vezes maiores durante o cio, do que fora desta altura.”

Ao contrário de outras espécies, os elefantes africanos machos continuam a crescer ao longo da vida, o que significa que “elefantes machos mais velhos atingem muitas vezes o dobro do tamanho que têm os jovens machos e fêmeas.”

Preferidos pelas fêmeas

Assim, elefantes com mais idade “não são apenas maiores e mais energéticos do que machos mais jovens quando acasalam, mas as fêmeas parecem preferi-los, talvez porque o seu tamanho é uma demonstração das suas habilidades para sobreviver ao longo de muitos anos e estações”, considera Iain Douglas-Hamilton, fundador da Save the Elephants e investigador ligado à Universidade de Oxford, citado no comunicado.

A diferença de comportamento dos animais mais velhos é tão notória, que é possível perceber a entrada na época de cio sem observá-los directamente, apenas com recurso aos dados obtidos por GPS, sublinham os cientistas.

Esta é uma possibilidade, admitem, que pode ser útil para “estudar o comportamento reprodutivo de machos em condições difíceis em África” e para “identificar e proteger corredores importantes para a transmissão genética entre populações diferentes de elefantes, em paisagens dominadas por humanos.”

Por outro lado, uma vez que os elefantes mais velhos são os mais procurados na caça de “troféus” e na caça furtiva, a equipa chamou a atenção para os prejuízos que isso pode causar à dinâmica reprodutiva destes mamíferos.

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Recorde dez factos sobre elefantes que todos devemos saber, neste artigo da Wilder.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.