Baleia-de-bossa. Foto: Unsplash/Pixabay

Cientistas estão a contar baleias a partir do espaço

Com a ajuda de imagens de satélite de alta resolução, já foi possível detectar, contar e descrever quatro espécies de baleias. Está aberta a porta a um método mais barato para seguir estes fantásticos animais, em lugares inacessíveis.

 

Este método, que está a ser utilizado pelos cientistas do British Antarctic Survey (BAS), foi descrito num artigo científico publicado a 27 de Outubro na revista Marine Mammal Science. 

Os investigadores estão a usar imagens de satélite de alta resolução fornecidas pela Maxar Technologies’ DigitalGlobe. O objectivo é ajudar a monitorizar as alterações nas populações de baleias e compreender melhor os comportamentos destes animais, segundo um comunicado divulgado ontem pelo BAS.

Até ao momento, os cientistas conseguiram estudar as baleias em quatro locais onde estas se concentram: a baleia-franca-austral (Eubalaena australis) ao largo da Argentina, a baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) ao largo do Havai, a baleia-comum (Balaenoptera physalus) no Santuário Pelagos no Mar Mediterrâneo e a baleia-cinzenta (Eschrichtius robustus) ao largo da costa do México.

A equipa de cientistas estudou sete enormes imagens do oceano, captadas pelo satélite WorldView-3, da DigitalGlobe, cobrindo uma área com mais de 5.000 quilómetros quadrados.

Este método “já ajudou as entidades de conservação de baleias a identificar 10 populações de baleias muito importantes e inacessíveis que mais iriam beneficiar da utilização das imagens de satélite nos seus estudos”, explicou o BAS.

 

Baleia-franca-austral captada ao largo da ilha sub-Antárctica da Geórgia do Sul. Foto: Carlos Olavarria

 

“Estas são as imagens mais detalhadas de baleias, captadas por satélite, até à data”, disse Hannah Cubaynes, investigadora no BAS e na Universidade de Cambridge, no âmbito do projecto Whales from Space. “É fantástico o facto de a resolução melhorada (agora em 30 centímetros) revelar elementos característicos como as barbatanas e a cauda.”

“As baleias vivem nos oceanos. Muitas áreas são de difícil acesso por barco ou avião, os métodos tradicionais para monitorizar baleias. A possibilidade de seguir baleias sem ter de viajar a estas áreas remotas e inacessíveis, com uma boa relação custo-benefício, vai ajudar muito a conservação das baleias”, acrescentou Cubaynes.

O estudo também mostrou algumas das espécies mais fáceis de identificar por satélite. As baleias-comuns e as baleias-cinzentas são as mais fáceis por causa da cor do corpo, que contrasta com a água do oceano. As baleias-francas-austrais e as baleias-jubarte são mais difíceis de detectar, já que têm uma cor semelhante ao ambiente onde vivem.

 

Baleias-cinzentas observadas ao largo da costa do México. Foto: DigitalGlobe

Este trabalho de investigação foi financiado pela MAVA Foundation e pelo britânico Natural Environment Research Council.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.