Foto: Hugo Gante

Cientistas recebem prémio para estudar peixe português ameaçado

A boga-de-boca-arqueada de Lisboa (Iberochondrostoma olisiponensis) é um peixe de água doce que se encontra apenas em Portugal. Investigadores receberam um prémio internacional para estudarem melhor esta espécie criticamente ameaçada.

 

O prémio corresponde a um financiamento de 12.000 dólares (cerca de 10.000 euros), proveniente do Fundo para a Conservação de Espécies – Mohamed Bin Zayed, anunciou hoje o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.

A equipa de cientistas vai avaliar o estado actual das populações deste peixe, propor quais são as áreas mais importantes para a sua conservação e ainda dar a conhecer esta espécie portuguesa à população.

“Muito pouco se conhece sobre a distribuição e biologia deste peixe”, sublinha Filipe Ribeiro, investigador no MARE, que adianta que a boga-de-boca-arqueada de Lisboa é “pouco abundante” e “tem uma distribuição muito restrita, confinada a alguns rios afluentes do Baixo Tejo”.

 

Foto: Hugo Gante
Foto: Hugo Gante

 

Este peixe foi descoberto já no século XXI e descrito apenas em 2007, há nove anos. Apesar de se tratar de uma das espécies mais antigas do seu género, “com 10 milhões de anos”, o facto de ser rara e semelhante a outras espécies de ciprinídeos deixou-a passar despercebida, explica um comunicado do MARE.

O prémio internacional Mohamed Bin Zayed destina-se a apoiar estudos e acções de conservação de espécies ameaçadas por todo o mundo.

Com este novo financiamento, os cientistas vão realizar campanhas de amostragem no terreno para definirem a distribuição da espécie, tal como analisar os números da população e a diversidade em termos genéticos.

Além dos investigadores do MARE, neste projecto estão envolvidos cientistas da Universidade de Basileira (Suíça), da Universidade Federal do Maranhão (Brasil) e do CIBIO-INBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos.

O Fluviário de Mora, a Câmara Municipal de Loures e a Fundação CulturSintra – Centro de Investigação da Regaleira são também parceiros.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Se quiser saber os últimos desenvolvimentos do projecto de conservação da boga-de-boca-arqueada de Lisboa, pode ir acompanhando aqui o blogue escrito pela equipa de investigadores.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.