Oceanos. Foto: Mobibit/Pixabay

Cinco prioridades no Dia Mundial dos Oceanos

O Dia Mundial dos Oceanos, que se comemora a 8 de Junho, é dedicado este ano à “Inovação para um oceano sustentável”.

 

O Dia Mundial dos Oceanos passou a ser celebrado desde 1992, na sequência da Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro.

Fique a conhecer cinco prioridades para os oceanos defendidas pela associação ZERO-Associação Sistema Terrestre Sustentável, numa nota divulgada a propósito deste dia:

 

1. Chegar a 10% das áreas marinhas protegidas

Portugal tem por enquanto sete por cento da área marinha sob protecção legal, ainda sem ter alcançado a meta de 10% que estava prevista para 2020, indica a ZERO. O Governo aprovou em Dezembro passado o Plano de Situação de Ordenamento do Espaço Marítimo Nacional para as subdivisões Continente, Madeira e Plataforma Continental Estendida, que a Comissão Europeia tinha determinado que se deveria concluir até 2021.

Falta ainda incluir as áreas marinhas dos Açores. Isso deverá suceder nos próximos meses, mas “é fundamental assegurar uma gestão e uma monitorização efectivas destas áreas.”

 

2. Oceanos sem plástico

Todos os anos, chegam aos oceanos mais de 8.000 milhões de toneladas de plástico a parir de fontes terrestres, “uma ameaça enorme e crescente”, nota a ZERO, que lembra que isso “equivale a despejar um camião de lixo cheio de plástico nos oceanos a cada minuto”. Os plásticos nunca desaparecem, pois vão-se partindo em pedacinhos cada vez menores e muitos acabam por entrar na cadeia alimentar. Dessa forma, “ameaçam a viabilidade de ecossistemas marinhos críticos.”

Segundo a associação, a reciclagem alcança apenas nove por cento de todos os resíduos plásticos gerados e não é suficiente para resolver este problema. “Precisamos reduzir com urgência a quantidade de plástico descartável produzido, promovendo a sua menor utilização e soluções de reutilização como alternativa”, sublinha.

 

3. Saber escolher os peixes que comemos

Portugal lidera a União Europeia no que respeita à quantidade de peixe consumido per capita. Com uma média de 61,5 kgs de pescado por pessoa, de acordo com a ZERO, o país está em terceiro lugar a nível mundial, ultrapassado apenas pela Coreia e Noruega.

“Este consumo elevado pode ter impactos menos positivos em termos ambientais, caso a escolha incida mais sobre peixes de vida longa e, em particular, sobre espécies que estejam em sobrepesca”, alerta a associação. Outro cuidado a ter é não optar por peixe que tenha sido capturado com “métodos de pesca […] mais destruidores dos fundos marinhos e menos criteriosos nas espécies e dimensões capturadas.”

 

4. Criar área de emissões controladas no Mediterrâneo e frente a Portugal

Os navios são uma fonte importante de poluição para as cidades portuárias e as áreas costeiras. A associação propõe que o Governo português dê início a um processo com os países da bacia do Mediterrâneo – que são a principal fonte e destino do tráfego costeiro em Portugal Continental – para que seja rapidamente criada uma Área de Controlo de Emissões no Atlântico. Em causa está a criação de uma ligação entre a área já existente no Mar Báltico, Mar do Norte e Canal da Mancha ao Mediterrâneo, abrangendo-o também.

Nestas áreas, previstas na Convenção MARPOR da Organização Marítima Internacional, “o combustível a ser utilizado não pode ter mais de 0,1% de enxofre, cinco vezes menos do que o actualmente permitido”. “No que respeita aos óxidos de azoto, os novos navios têm de utilizar tecnologias que permitam uma redução significativa destas emissões.”

 

5. Cruzeiros: abastecimento de electricidade “é apenas um bom começo”

“Os grandes navios de cruzeiros, nomeadamente em Lisboa, causam elevadas emissões de enxofre, azoto e principalmente partículas, muitas delas de maior toxicidade por serem ultrafinas, tendo vários estudos apontado para consequências graves em termos de saúde pública noutros portos”, alerta.

Assim, a associação vê com bons olhos o facto de que a partir de 2022 vai passar a estar disponível uma ligação eléctrica com funcionamento para quando os navios estiverem no porto, anunciado na última sexta-feira.”Navios de cruzeiro sem essa capacidade não deverão poder escalar a capital a partir da data em que o sistema estiver instalado”, exige.

Por outro lado, para combater esta poluição, defende que “são necessários investimentos noutras tecnologias como motores eléctricos alimentados por baterias ou através de células de combustível a hidrogénio e medidas como a redução de velocidade dos navios e, de forma global, a redução do próprio tráfego que tem vindo sempre a aumentar.”

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.