canoa no rio tejo
Foto: Joana Bourgard/arquivo

Clima: “Governos não podem ignorar os avisos feitos pelo IPCC”, diz a ZERO

Para a ZERO, esta é última avaliação do IPCC que pode fazer uma diferença real em termos de política, antes de ultrapassarmos 1,5 ºC e as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.

Hoje, dia 9 de Agosto, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em Inglês), apresentou ao mundo o relatório Alterações Climáticas 2021, um aviso da comunidade científica mundial sobre os efeitos das emissões de gases de estufa e consequentes alterações climáticas.

Segundo os autores, este relatório tem três mensagens principais: “é indiscutível que as actividades humanas estão a causar as alterações climáticas e a tornar fenómenos climatéricos mais frequentes, extremos e graves; as alterações climáticas estão a afectar todas as regiões do nosso planeta; e é preciso reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) de forma rápida, forte e sustentada para travar o aquecimento global”.

A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável defendeu hoje, em comunicado, que “os Governos não podem ignorar os avisos feitos pelo IPCC”. “Apesar de um esforço de muitos países ou grupos de países como a União Europeia, ainda não existem planos de acção que mantenham o aquecimento global abaixo dos limites supostamente seguros.”

Segundo a comunidade científica, um aumento médio global da temperatura de 1,5ºC acima dos níveis pré- industriais é um limite considerado seguro para a humanidade e para a biosfera.

Mas, o mundo continua “a adiar uma acção climática urgente que já era necessária desde há décadas atrás e agora estamos quase sem tempo”, receia a ZERO. 

Na sua opinião, “esta é a última avaliação do IPCC que pode fazer uma diferença real em termos de política, antes de ultrapassarmos 1,5 ºC e as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris”.

“As alterações climáticas estão a causar extremos climáticos amplificados, desde secas, ondas de calor, incêndios florestais, inundações a supertempestades, impactes que são cada vez mais intensos, frequentes e sem precedentes. Se as emissões continuarem a aumentar, ocorrerão impactes climáticos cada vez mais severos. A sociedade humana que conhecemos foi construída num clima que não existe mais, pelo que é crucial trabalharmos na mitigação climática (redução de emissões), mas também na adaptação climática.”

Por isso, a ZERO defende um corte muito rápido das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), o fim urgente da dependência de gás natural, carvão e petróleo e um investimento em empregos verdes e num futuro com zero carbono.

“O IPCC acabou de emitir um severo alerta que não pode ser ignorado. A comunidade internacional deve aumentar rapidamente a velocidade e a escala de ação necessárias para evitar alterações climáticas catastróficas.”

A ZERO vai estar presente na COP26, a 26ª Conferência das Partes (COP) da ONU que se realiza em Glasgow, de 1 a 12 de Novembro. Aí serão determinadas as medidas que os vários Governos vão adoptar para enfrentar as alterações climáticas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.