Começa amanhã a 1ª Conferência portuguesa sobre lixo marinho

Partilhar o que está a ser feito em Portugal para travar o problema do lixo marinho e formalizar a Parceria Portuguesa para o Lixo Marinho são dois dos objectivos de uma conferência de três dias que, a partir de amanhã, reúne dezenas de especialistas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

 

O lixo marinho tem uma designação fácil. Segundo a Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM), entidade organizadora da conferência, é “todo o resíduo que se encontram nas praias, na água e nos fundos nas zonas costeiras, incluindo rios, estuários e suas margens”. Pode ser plástico, metal, madeira processada, borracha, vidro, têxteis, papel ou produtos de higiene pessoal e de medicina. Estima-se que entre 80 e 90% de todo o lixo marinho seja plástico.

E é por aqui mesmo que arranca a conferência. No dia 15, o tema será o problema dos microplásticos e vários investigadores vão falar sobre os melhores métodos para os detectar e estimar, quais as suas concentrações em Portugal e que impactos têm no ambiente marinho e de água doce.

“Este evento dará visibilidade a uma comunidade que inclui já muitos intervenientes, unidos em torno da ideia de reduzir o lixo marinho, e fortalecerá os laços entre os vários sectores da sociedade”, explica a APLM, no site da conferência.

Na sexta-feira será lida uma Carta de Compromisso, promovendo a assinatura da Parceria Portuguesa para o Lixo Marinho por qualquer pessoa ou organização interessadas em ajudar. O objectivo desta parceria é reduzir os impactos do lixo marinho e promover a protecção dos ecossistemas e da saúde humana em Portugal.

Para tal será promovida uma rede nacional de atores sociais, a partilha de informação sobre como podemos reduzir a produção de resíduos e como monitorizar o lixo marinho e serão estabelecidas metas nacionais para a sua redução. Esta parceria pretende também colaborar com organizações nacionais e internacionais em iniciativas que ajudem a prevenir, reduzir e gerir o lixo marinho.

No último dia do evento, 17 de Setembro, estão previstas actividades de comemoração do Dia Nacional de Limpeza das Praias, instituído pela APLM em 2015, na Praia da Cruz Quebrada (Oeiras).

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez:

A iniciativa Dia Nacional de Limpeza das Praias estende-se de 17 de Setembro a 16 de Outubro, no âmbito do “Mês do Lixo Marinho” (Marine Litter Watch Month) instituído pela Agência Europeia do Ambiente. Esta iniciativa europeia reunirá os resultados das diversas acções de limpeza realizadas por organizações e comunidades locais nas praias, que serão transmitidos através da app Marine Litter Watch (MLW) contribuindo para uma base de dados de Lixo marinho na Europa.

Todas as organizações e comunidades locais devem registar as praias em que pretendem fazer a limpeza através da app Marine Litter Watch (disponível aqui para sistema Android e disponível aqui para sistema iOS).

A Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM) convida todos os cidadãos e organizações a participar e pede que dê alguns dados, nomeadamente qual o número de beatas, pauzinhos de cotonetes, tampas de garrafa (ou outro tipo de lixo que vemos que é abundante) em 100 metros de areal, que é o troço standard. Para o ajudar, pode preencher esta ficha de campo.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça Ana, que dá vida ao plástico que chega às praias de Cascais, a campanha Mariscar sem Lixo da Ocean Alive no Estuário do Sado, e ainda o projecto Straw Patrol, que reúne seis biólogos marinhos nas praias do Algarve.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.