Foca-cinzenta Légua. Foto: CRAM - Ecomare

Conheça as focas-cinzentas em recuperação na Gafanha da Nazaré

Pedrógão, Légua, Maceda e Pequena são as quatro focas-cinzentas juvenis aos cuidados do CRAM-Ecomare, centro de reabilitação de animais marinhos na Gafanha da Nazaré (Aveiro).

 

É durante o Outono e o Inverno que nascem as focas-cinzentas (Halichoerus grypus). As colónias reprodutoras mais próximas de Portugal ficam nas ilhas Britânicas e na Bretanha Francesa.

Terá sido nessas colónias que nasceram os quatro machos juvenis de foca-cinzenta que estão hoje no CRAM-Ecomare.

Estes juvenis viram-se em apuros e foram resgatados ao longo da costa portuguesa. Légua, Maceda e Pequena foram resgatados nos últimos dias de Dezembro e Pedrógão já este ano, a 17 de Janeiro.

Marisa Ferreira, coordenadora de reabilitação do CRAM-Ecomare, contou à Wilder que “todos os anos aparecem focas-cinzentas juvenis na Península Ibérica”. Isto é mais comum na costa cantábrica e galega mas também aparecem em Portugal.

“Normalmente tratam-se de animais que, após se tornarem independentes (são desmamados ao fim de 18-21dias) e iniciarem movimentos naturais de dispersão, acabam por apanhar correntes que os deslocam até às nossas costas. Alguns, um pouco mais inexperientes, acabam por ficar mais debilitados e precisam de serem resgatados.”

A foca que recebeu o nome Légua entrou neste centro para animais marinhos com “problemas pulmonares, perda acentuada de peso e ferimento ligeiro no corpo”. Foi resgatada na Praia da Légua (Alcobaça) a 27 de Dezembro de 2019.

 

Foca-cinzenta Légua. Foto: CRAM – Ecomare

 

Hoje está na fase final da sua recuperação, num tanque com água para se exercitar e comer peixe naturalmente.

Maceda, resgatada a 30 de Dezembro de 2019 na Praia de São Pedro de Maceda (Ovar), “está a evoluir favoravelmente”, depois de ter chegado ao CRAM-Ecomare com um ferimento numa barbatana.

 

Foca-cinzenta Maceda. Foto: CRAM-Ecomare

 

“À data de admissão tinha um osso exposto”. Por estes dias, esta foca-cinzenta “já não faz penso mas ainda tem restrições no acesso à água”.

Já a foca-cinzenta Pequena, resgatada na Praia Pequena (Sintra) a 31 de Dezembro de 2019, ainda não tem acesso a água para tomar banho. Este juvenil deu entrada no centro com “ferimentos graves, consistentes com ataque de tubarão, perda acentuada de peso e desidratação”.

 

Foca-cinzenta Pequena. Foto: CRAM-Ecomare

 

Segundo Marisa Ferreira, os “ferimentos evoluem favoravelmente”.

Por fim, a 17 de Janeiro foi resgatada uma outra foca-cinzenta juvenil, na Praia de Pedrógão (Figueira da Foz). Pedrógão chegou ao centro da Gafanha da Nazaré “desidratado e magro e tinha um pequeno abcesso numa barbatana que se resolveu rapidamente”.

 

Foca-cinzenta Pedrógão. Foto: CRAM-Ecomare

 

Hoje, o “estado de saúde do Pedrogão evolui muito bem e já está num tanque a exercitar-se”.

A foca-cinzenta é uma espécie que tem estatuto de Pouco Preocupante segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Marisa Ferreira explica o que deve fazer se encontrar uma foca-cinzenta no areal.

“O mais importante é não perturbar, evitar a aproximação de cães e pessoas e chamar as autoridades (Rede Apoio a Mamíferos Marinhos: 96884910; CRAM-Ecomare 919618705 ou Polícia Marítima da área ou SEPNA.
Deve-se observar à distância para perceber se o animal tem ferimentos, ou indícios de doença (por exemplo, corrimento nasal, olhos secos e fechados) e se está magro. Evitar afugentar o animal de novo para a água.
De modo a ser possível a realização de uma primeira avaliação do estado do animal, pode tentar fazer vídeos e fotos para fazer chegar à equipa de resgate”.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Recorde aqui a história de Topo, a foca-cinzenta juvenil que, para sobreviver, veio de avião dos Açores.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.