Conservação das pradarias marinhas do Sado ganha prémio de 25.000 euros

O projecto Guardiãs do Mar – Salvar o Ambiente, Preservar Empregos ganhou o primeiro prémio do concurso FAZ – Ideias de Origem Portuguesa 2016, no valor de 25.000 euros. A sua missão é conservar as pradarias marinhas do estuário do Sado, um dos ecossistemas mais importantes do país.

 

Responder à destruição das pradarias marinhas e ao desemprego da comunidade de mulheres pescadoras do Sado é a razão de ser deste projecto lançado pela Ocean Alive, cooperativa para envolver as comunidades na protecção do oceano.

O prémio foi entregue a 3 de Junho pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa na Fundação Calouste Gulbenkian que, juntamente com a COTEC Portugal, é uma das entidades responsáveis pela iniciativa. Este ano, a 5ª edição do concurso recebeu 53 ideias vindas de 20 países.

O primeiro lugar foi para a Ocean Alive e para o seu trabalho no estuário do Sado, nomeadamente na criação de alternativas ao desemprego das pescadoras e na monitorização e protecção das pradarias marinhas.

Até ao momento já foram organizadas visitas de ecoturismo no mercado do peixe de Setúbal e no estuário do Sado, tendo as pescadoras como guias marinhas. E em Março, o projecto lançou uma campanha de sensibilização e limpeza de praia para acabar com o hábito dos mariscadores em deixar na maré as embalagens de sal vazias, usadas para a apanha do lingueirão e do casulo. Nas três limpezas já realizadas foram recolhidas 6.300 embalagens vazias. A quarta acção ocorre hoje, dia 8 de Junho, para celebrar o Dia Mundial dos Oceanos. Segundo um comunicado da Ocean Alive, a acção de limpeza será na caldeira de Tróia, com 65 crianças da comunidade costeira local do Carvalhal.

A limpeza das praias evita que o plástico acabe nas águas do estuário, contribuindo para proteger as pradarias marinhas, habitat de águas costeiras feito de plantas aquáticas que servem de berçário a inúmeras espécies de peixes, crustáceos e polvos.

Segundo a Universidade do Algarve, as pradarias marinhas desapareceram drasticamente em Portugal nos últimos 20 anos. No estuário do Sado existia, em 1946, uma área de cerca de 140 campos de futebol mas em 2003 restavam apenas 70 metros quadrados. “O decréscimo acentuado deste habitat levou à escassez da vida marinha, contribuindo para o declínio da população de golfinhos e para o desemprego e desvalorização da comunidade piscatória”, salienta a Ocean Alive.

O Dia Mundial dos Oceanos, celebrado desde 2009, pretende chamar a atenção das pessoas para os benefícios dos oceanos e os desafios que enfrenta. “Este dia pretende dar uma oportunidade às pessoas para reflectirem sobre os benefícios dos oceanos e sobre o nosso dever individual e colectivo para os tratar de forma sustentável, para não comprometer as gerações futuras”, segundo um comunicado das Nações Unidas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.