Conservação de abutre-preto volta a concurso internacional

No ano passado, o projecto de conservação do abutre-preto no Alentejo ficou em segundo lugar na competição organizada pela European Outdoor Conservation Association (EOCA). A Liga para a Protecção da Natureza (LPN) aproveitou o Dia Internacional da Vida Selvagem para apelar aos cidadãos que ajudem o projecto português a ir mais longe.

 

A LPN convida os cidadãos a votarem no projecto “Black Vulture Recovery, Southern Portugal” (Recuperação do Abutre-preto no Sul de Portugal) até 15 de Março, no site da EOCA, “apoiando assim a preservação desta espécie Criticamente em Perigo de extinção.

Este é o único projecto português a concurso, de entre cinco projectos (de Itália, Caraíbas, Galápagos e Madagáscar) que visam conservar espécies como lémures, tartarugas gigantes, baleias e tubarões.

Em Portugal, o abutre-preto (Aegypius monachus) está classificado como Criticamente em Perigo de extinção e é a espécie de ave necrógafa mais ameaçada. Deixou de se reproduzir no país nos anos 70 e voltou a nidificar apenas em 2010, existindo actualmente menos de 15 casais – a maioria na zona do Tejo Internacional.

Só em 2015 é que a espécie se voltou a reproduzir com sucesso no Alentejo, com o nascimento de uma cria em ninhos artificiais criados no âmbito do programa LIFE Habitat Lince Abutre (de Janeiro de 2010 a Setembro de 2014), 40 anos depois do último nascimento bem sucedido na região.

Na votação anterior, o projecto português ficou em segundo lugar. Este ano, a LPN volta a candidatar a conservação do abutre-preto no Alentejo. O prémio são 30.000 euros. “Se vencer, a LPN conseguirá manter o fornecimento de alimento para abutre-preto no Alentejo e promover o turismo de observação de aves na região, sensibilizando simultaneamente para a importância da sua conservação”, explica a organização em comunicado.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.