Quebra-ossos. Foto: Richard Bartz/Wiki Commons

Conservação de quebra-ossos consegue nove crias

O ano está a correr bem no Centro de Reprodução em Cativeiro de Quebra-ossos, em Guadalentín (Espanha). Dos 14 ovos sobreviveram nove crias, um novo recorde para esta espécie protegida que, em tempos, existiu em Portugal.

 

O Centro de Reprodução de Guadalentín – no Parque Natural das serras de Cazorla, Segura e Las Villas (Jaén) – está no centro de um projecto de conservação que quer estabelecer uma população autónoma e estável de quebra-ossos (Gypaetus barbatus) na Andaluzia, de onde se extinguiu há cerca de 50 anos devido aos envenenamentos e à perseguição humana directa. Desde que foi inaugurado em 1996, o centro, gerido pela Fundación Gypaetus, já viu nascer um total de 52 crias de quebra-ossos. A maioria destina-se à liberdade, para reforçar as populações naturais.

Esta temporada contou com sete casais reprodutores que puseram um total de 14 ovos; sobreviveram nove crias, segundo a agência espanhola EFE, que cita fontes da Consejería de Medio Ambiente da Andaluzia. Um dos casais, formado por Tranco e Sabina, puseram ovos pela primeira vez, depois de três anos juntos como casal.

Quando um casal de quebra-ossos põe um ovo, os técnicos do centro retiram-no do ninho e levam-no para incubadoras para garantir a sua eclosão. Posteriormente, os ovos são devolvidos ao casal para que continue a criação.

Actualmente vivem em liberdade na Andaluzia 15 quebra-ossos, ave das barbas escuras perto do bico e do vermelho vivo em redor dos olhos. Estes animais são fruto das libertações no âmbito do Programa de Reintrodução do Quebra-ossos, começadas em 2006. Um deles, a fêmea Bujaraiza, esteve em Portugal em Maio passado.

A maioria das aves que estão a ser seguidas no âmbito do projecto optam por permanecer na zona da Andaluzia. No início do mês, apenas Bujaraiza e Guadalquivir estavam em Gredos e nos Pirinéus, respectivamente, segundo a Fundación Gypaetus.

Em Abril do ano passado, as autoridades confirmavam o nascimento da primeira cria em liberdade.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.