lobo ibérico
Lobo ibérico conservado no Museu de História Natural, Lisboa. Foto: Joana Bourgard

Conservação do lobo e de duas plantas açorianas recebe 3,9 milhões de euros

Evitar a extinção de duas plantas endémicas dos Açores e o desaparecimento da última população de lobo-ibérico a Sul do Douro são os dois projectos em Portugal agora aprovados para receber financiamento europeu do programa LIFE Natureza e Biodiversidade.

 

O projecto LIFE VIDALIA quer salvar a Azorina vidalii e a Lotus azoricus. Para isso, este projecto vai trabalhar em três ilhas (Faial, São Jorge e Pico), usando novas formas para controlar espécies invasoras de plantas e de roedores que estão a ameaçar estas duas plantas.

Além disso, vai melhorar protocolos com viveiros de plantas para facilitar reintroduções na natureza e aumentar o conhecimento sobre estas plantas endémicas.

A longo prazo, o projecto – coordenado pela Direcção Regional do Ambiente dos Açores – quer replicar as melhores práticas em todas as nove ilhas dos Açores.

Este projecto vai decorrer de 1 de Julho de 2018 a 30 de Junho de 2023. O orçamento total é de 1,757.577 euros, dos quais 1,318.182 euros serão financiados pelo mecanismo europeu.

Além das duas plantas açorianas, o programa LIFE aprovou o projecto LIFE WolFlux, para salvar a sub-população de lobo-ibérico a Sul do Douro. Esta está fragmentada e isolada do resto da população e lobo na Península Ibérica por barreiras geográficas, ecológicas e sociais.

“Estes lobos podem morrer se não houver uma actuação para travar as ameaças e permitir que diferentes alcateias se misturem e reproduzam entre si”, explicam os responsáveis, num comunicado da Comissão Europeia.

O LIFE WolFlux vai trabalhar a questão dos conflitos, caça ilegal e incêndios nos locais de reprodução dos lobos. Além disso, vai aumentar a disponibilidade de presas selvagens (corços).

Faz ainda parte do projecto o desenvolvimento de uma estratégia para promover o turismo dedicado ao lobo-ibérico, para apoiar a economia local e ajudar a aumentar a tolerância e as atitudes positivas para com esta espécie.

Este projecto, com coordenação da Associação Transumância e Natureza (ATN), vai decorrer de 1 de Janeiro de 2019 a 30 de Novembro de 2023. Tem um orçamento total de 2,185.383 euros, recebendo do programa LIFE 1,639.036 euros.

A Comissão Europeia anunciou hoje 142 novos projectos e o investimento que vão receber no âmbito do programa LIFE para o Ambiente e Acção Climática, num total de 243 milhões de euros. Estes vão financiar projectos “de apoio à natureza, ao ambiente e à qualidade de vida num momento de transição da Europa para um futuro mais sustentável e de baixo-carbono”, segundo o comunicado de Bruxelas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.