COP26: Sylvia Earle apela à proibição da pesca industrial em alto mar

um-cardume-de-atuns-no-meio-do-oceano-azul
Foto: Danilo Cedrone/Wiki Commons

Num encontro no âmbito da cimeira COP26, a exploradora marinha de 86 anos lembrou que o oceano é o “sistema que mais carbono captura e mais oxigénio gera” em toda a Terra.

Sylvia Earle participou num encontro sobre o oceano ligado à cimeira climática das Nações Unidas, COP26, que se realiza em Glasgow, Escócia, até à próxima sexta-feira. Nessa conferência realizada pela revista Time, sublinhou que impedir a pesca industrial em águas internacionais é tão importante como travar o uso de combustíveis fósseis.

“É a nossa prioridade número um, porque temos a possibilidade de salvaguardar o coração azul do planeta”, afirmou a exploradora oceanográfica americana, nascida em 1935, citada numa notícia do Guardian. “É onde é gerada a maior parte do oxigénio que vem do oceano. É onde é captada a maior parte do carbono.”

Sylvia Earle com o antigo presidente dos EUA Barack Obama, em 2016. Foto: Pete Souza

Sylvia Earle, que já esteve em Portugal por várias vezes para transmitir a sua mensagem em defesa dos oceanos, lembrou que “toda a vida selvagem retirada do oceano não afecta apenas a biodiversidade e promove extinções a um ritmo acelerado”. “Isso quebra o ciclo do carbono – a cadeia de nutrientes que mantém a fábrica da vida na Terra.”

A bióloga marinha, que operou diversas pesquisas marinhas a grande profundidade na década de 1980, considerou também que apenas cinco países estão a “beneficiar desproporcionalmente, numa escala industrial, dos animais selvagens que vivem [em águas internacionais]”.

“Apenas um pequeno segmento da população humana depende verdadeiramente da vida no oceano para o seu sustento”, acrescentou. “Muitos mais fazem-no por dinheiro, usando os animais selvagens como fonte de receita.”

De acordo com um relatório divulgado pelo Stimson Center em 2019, a pesca industrial é dominada pelas frotas de cinco países: China e Taiwan, que representam quase 60% do esforço de pesca em águas distantes, e ainda Japão, Coreia do Sul e Espanha, cada um com um peso aproximado de 10%.

Sylvia Earle é também presidente da organização Mission Blue, que tem como missão criar áreas marinhas protegidas em todo o mundo. Face ao anúncio da COP26, de que o objectivo será transformar 30% do oceano em áreas marinhas protegidas, Earle avisou que é preciso ir mais longe: “Conseguir 30% de protecção total em terra e no mar não significa deitar o restante para o lixo.”

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.