Lince-ibérico, cria. Foto: Programa Ex-situ (arquivo)

Cria de lince-ibérico morre atropelada em estrada da Andaluzia

Uma cria de lince-ibérico, espécie Em Perigo de extinção, foi encontrada atropelada a 22 de Junho numa estrada de Doñana, na Andaluzia.

A cria, com poucos meses de vida, tinha nascido nesta Primavera na população selvagem de Doñana-Aljarafe (Sevilha-Huelva), na Andaluzia. Morreu atropelada na estrada que liga Almonte e Matalascañas, noticiou ontem a agência de notícias espanhola EFE.

O Conselho de Pecuária, Pesca e Desenvolvimento Sustentável da Junta da Andaluzia recebeu uma chamada que alertava para o atropelamento, segundo contaram fontes desta entidade à EFE.

Estiveram no local técnicos do Centro de Análises e Diagnóstico da Fauna Silvestre da Andaluzia, que levaram o animal para as suas instalações a fim de realizar a necropsia.

Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

A Andaluzia tem hoje cinco núcleos de reprodução do lince-ibérico (Lynx pardinus), com um total de 506 animais, de acordo com os censos de 2020. O núcleo de Doñana-Aljarafe, onde nasceu a cria que foi agora atropelada, tinha então 85 linces. Destes, 71 são adultos ou subadultos (com 20 fêmeas reprodutoras). No ano passado tinham ali nascido 14 crias.

Segundo esse censo à espécie, existiam 1.111 linces na Península Ibérica, um número recorde nos últimos 20 anos.

Actualmente decorre em Portugal e Espanha um novo projecto LIFE de conservação direcionado ao lince-ibérico, o LIFE Lynxconnect. Os objectivos dos 21 parceiros deste projecto passam por “conseguir ligar todas as populações existentes na Península, para continuar a aumentar o número de exemplares e garantir uma população geneticamente viável”, explicou hoje, em comunicado, Carmen Crespo, conselheira para a Agricultura, Pecuária, Pesca e Desenvolvimento Sustentável da Junta de Andaluzia.

Para isso, o Lynxconnect prevê 32 acções concretas para implementar até final de 2025.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.