um pisco de peito ruivo
Pisco-de-peito-ruivo. Foto: Christiane/Pixabay

Crianças inglesas têm dificuldade em identificar plantas e animais comuns

Um estudo recente concluiu que as crianças inglesas têm dificuldade em dizer o nome de plantas e animais icónicos do Reino Unido, como o texugo, ouriço-cacheiro, os carvalhos ou os dentes-de-leão.

Quase metade das crianças do Reino Unido não sabe como são as urtigas, as silvas ou as amoras, apesar de serem espécies bastante comuns.

Uma em cada quatro crianças não sabe como são os piscos-de-peito-ruivo ou os texugos. 83% não conseguiu identificar um abelhão, 82% não sabia como era a folha de um carvalho e apenas metade conseguiu identificar um papagaio-do-mar.

Dente-de-leão. Foto: Wilder/arquivo

Para este estudo, realizado pela Pickersgill Consultancy and Planning, os investigadores mostraram fotografias da vida selvagem britânica a 1.000 crianças com idades entre os cinco e os 16 anos.

“Em certa medida, as crianças estão muito conscientes do mundo natural, em parte por causa de programas de televisão como o Blue Planet”, comentou ontem ao jornal The Independent Dion Terrelonge, psicólogo educacional.

“Contudo, só isto não substitui a verdadeira experiência do mundo natural, através da sua exploração com todos os sentidos.”

Papagaio-do-mar. Foto: Henning Allmers/Wiki Commons

Mais de um em cada quatro pais diz que os seus filhos têm pouco ou nenhum interesse no mundo natural. Cerca de um em cada três afirma que o tempo passado sentado em frente à televisão é o culpado. 

Segundo o estudo, as crianças passam em média mais de cinco horas e meia por dia a ver televisão e a usar o telemóvel; apenas uma hora e meia é passada ao ar livre.

“A tecnologia mudou muito nos últimos 20 anos e hoje as crianças têm muito mais opções para passar o tempo em casa, seja ele a ver televisão, a jogar ou nas redes sociais”, acrescentou o especialista.

Por outro lado, salientou, “hoje temos menos espaços verdes e mais ansiedade dos pais em relação a deixar os filhos brincar lá fora”.

À medida que vão crescendo, as crianças parecem ficar menos interessadas na natureza. De acordo com o estudo, 19% dos inquiridos com idades entre os 5 e os 10 anos têm pouco interesse no mundo natural, quando comparado com os 34% das crianças dos 11 aos 16 anos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.