Oliveira. Foto: Anna Anichkova/Wiki Commons

CTT dedicam nova série de selos às árvores do Mediterrâneo

Este mês, os CTT lançaram uma nova série de selos dedicada às árvores do Mediterrâneo, com destaque para a flora portuguesa. A oliveira, o sobreiro, o medronheiro e o catapereiro foram as espécies escolhidas.

 

Estas quatro espécies são bem características de Verões quentes e secos e Invernos frescos e húmidos. Por exemplo, o sobreiro (Quercus suber), com as folhas pequenas e persistentes, gosta da escassez de chuvas no Verão e do clima não excessivamente frio ou seco. É uma árvore que pode crescer até aos 20 metros de altura e durar mais de 150 anos.

 

 

Ao lado sobreiro, esta série de selos – cujo design esteve a cargo de Nuno Farinha – mostra também uma pequena pereira-brava, chamada catapereiro ou cachipirro (Pyrus bourgaeana), espécie mais rara. Cresce normalmente nas orlas e clareiras de bosques como os montados e dá peras quase esféricas de coloração esverdeada a amarelada que alimentam diversas aves e mamíferos durante o Outono, pode ler-se num comunicado dos CTT.

 

 

Em áreas mais abertas dos montados e em bosques mistos encontra-se outra árvore tipicamente mediterrânica, o medronheiro (Arbutus unedo) ou ervedeiro. Cresce até aos cinco a 10 metros de altura e pode viver até aos 200 anos. Os seus frutos, representados em selo, são aproveitados em muitas regiões portuguesas para a destilação da aguardente de medronho, por exemplo.

 

 

Mas de todas as árvores mediterrânicas, é a oliveira (Olea europaea) a mais conhecida, pela forma abundante como é cultivada e pela excelência dos azeites produzidos em muitas regiões portuguesas, incluindo diversas Denominações de Origem Protegida (DOP). Estas árvores podem ter uma longevidade até mais de 2000 anos.

 

 

O selo do sobreiro tem uma tiragem de 125.000 exemplares e um valor facial de 0,50€ cada; o selo do catapereiro tem o valor facial de 0,63€ e uma tiragem de 100.000 exemplares; o selo do medronheiro uma tiragem de 125.000 exemplares e um valor facial de 0,80€ e o selo da oliveira um valor facial de 0,85€ cada e uma tiragem, de 105.000 exemplares.

A série sobre as Árvores do Mediterrâneo surge depois de, em Julho do ano passado, os CTT terem lançado uma série de selos sobre os Peixes do Mediterrâneo, a cargo de Pedro Salgado. E em Junho do ano passado foi lançada a série sobre Mamíferos Predadores de Portugal, a cargo de Pedro Mendes, Fernando Correia, José Projecto, Nuno Farinha, Pedro Salgado e Marco Nunes Correia.

A história dos CTT e do mundo natural já tem, pelo menos, 40 anos. Desde os selos de 1976, criados pelos serviços artísticos dos Correios com espécies da fauna e flora portuguesas como a pega-azul e o lince-ibérico até esta nova emissão, a História Natural ilustrada tem sido um dos temas escolhidos para os selos de Portugal.

Ao longo destas décadas há selos das flores dos Açores e da Madeira, das aves do Estuário do Tejo, dos insectos dos Açores, dos parques naturais; há pelo menos duas séries dedicadas ao lince-ibérico e ainda há aves dos Açores e da Madeira, flores selvagens, lobos-marinhos, águias, abetardas, focas, lagartos-de-água, borboletas, toupeiras-d’água, cachalotes e golfinhos, peixes como o pim-pim e o bodião-verde, orquídeas e até plânctones nas águas de Portugal. Há selos com anémonas e lapas, lampreias, solhas e enguias e a lista continua até criar uma galeria do mundo natural português, retratos e desenhos do tamanho de um selo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.