CTT lançam série de selos sobre os peixes do Mediterrâneo

Oito espécies de peixes, incluindo o mero e o atum, foram ilustradas por Pedro Salgado para a nova série de selos sobre Peixes do Mediterrâneo, lançada a 9 de Julho pelos CTT.

 

A nova série está organizada em dois grupos de quatro selos cada. Fazem parte do grupo dos atuns o atum (Thunnus thynnus), o bonito (Katsuwomus pelamis), a serra (Serra serra) e a cavala (Scomber scombrus).

 

 

O grupo das garoupas está representado pelo mero (Epinephelus marginatus), pelo serrano-de-rolo (Serranus atricauda), pelo serrano-riscado (Serranus scriba) e pelo serrano-alecrim (Serranus cabrilla).

 

 

“Respondi ao desafio que me foi lançado pelos CTT para ilustrar esta série de peixes do Mediterrâneo e escolhi estas oito espécies de peixes das águas do Mediterrâneo mas que também estão presentes no Atlântico, nos arquipélagos dos Açores e da Madeira”, contou à Wilder o ilustrador científico especialista em peixes marinhos.

A natureza tem sido um dos temas escolhidos pelos CTT para as suas séries de selos há, pelo menos, 40 anos. Cerca de um mês depois do lançamento da série sobre Mamíferos Predadores de Portugal, surgem agora os Peixes do Mediterrâneo. Esta série está a ser lançada também nos vários países de três continentes (Europa, África e Ásia) da União Postal para o Mediterrâneo, estrutura que quer “incrementar o potencial do sector postal a favor do desenvolvimento económico dos países da costa mediterrânica”, explica um comunicado dos CTT. Todos os anos são lançadas emissões especiais com um tema comum. Portugal juntou-se à iniciativa em 2015 e é um dos países a participar no tema deste ano, os Peixes do Mediterrâneo.

Esta é a 12ª colaboração de Pedro Salgado com os CTT desde a série sobre os plânctones das águas portuguesas, lançada em 1997.

“Procurei escolher espécies carismáticas, de uma beleza especial e que representassem a diversidade do oceano”, acrescentou. Na verdade, os dois grupos não podiam ser mais diferentes.

Os peixes da família dos atuns (Scombridae) vivem junto à superfície (pelágicos), nadam em cardumes e são migradores. “São nadadores de competição, dos mais rápidos que existem, verdadeiras máquinas de nadar e autênticos torpedos”, salientou o ilustrador.

Já os peixes da família das garoupas (Serranidae) vivem junto ao fundo do mar (bentónicos), são solitários, sedentários e são nadadores medianos.

E dentro de cada grupo há peixes muito diferentes. Por exemplo, na família Scombridae, o atum pode atingir mais de 600 quilos de peso, mas as outras três espécies são mais pequenas. O bonito pesa cerca de 30 quilos e o sarrajão e a cavala não passam dos cinco quilos.

 

Como se fizeram estes peixes?

 

As ilustrações foram feitas a lápis de cor sobre poliéster, em tamanho A4 ou A3. “Esta é das séries que mais gostei de fazer. Talvez porque esta é uma técnica relativamente rápida e muito controlada, que permite incluir muito detalhe na ilustração. O que é uma mais valia quando estamos a trabalhar em modelos com uma enorme complexidade de padrões de tons”, explicou.

 

Uma das versões das ilustrações, ainda nas mãos do ilustrador
Uma das versões das ilustrações, ainda nas mãos do ilustrador

 

E engane-se quem pensa que estes peixes são todos cinzentos. “Estes animais são muito mais do que acastanhados ou esverdeados. Têm cores muito bonitas e interessantes. Por exemplo, o atum está cheio de reflexos e iridiscências. Parece prata e reflecte tudo.”

Os oito selos demoraram cerca de quatro meses a fazer; primeiro Pedro Salgado fez o grupo das garoupas, depois o dos atuns. “Em média, a arte final para cada peixe demorou cinco a seis dias”, explicou. O que leva sempre mais tempo é o que está antes. “Demoro mais tempo a preparar o desenho do que a executá-lo. Antes de começar a fazer as artes finais tenho de ter o peixe muito bem compreendido, com todas as informações e esboços certos. Na fase das artes finais não faço experiências”, acrescentou.

Neste processo, Pedro Salgado tentou “procurar uma expressão que correspondesse à personalidade de cada peixe”, para “captar a expressão própria de cada um deles.”

Numa ilustração científica, começa-se por entender o modelo, neste caso, o peixe. “É um período de consulta de fotografias, quer sejam do animal inteiro, quer sejam de detalhes da cabeça, da barbatana, dos olhos ou dos padrões”. Depois, chega a altura de “consultar descrições escritas para entender o que procuro”. Por vezes é possível ter os peixes à frente para estudar, como foi o caso do mero, do bonito e da cavala. A seguir, fazem-se esboços e um desenho preliminar. “O desenho que faço no fim da fase de estudos já é muito próximo daquilo que quero. Já está tudo entendido. Só então começa a arte final.”

Os selos variam entre os 0,47€ e os 0,80€ e têm tiragens que variam entre os 115.000 e os 135.000 exemplares.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça o atelier de Pedro Salgado.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.