Carvalho. Foto: Snowmanradio/Wiki Commons

Declínio dos carvalhos ameaça sobrevivência de milhares de espécies

Investigadores descobriram que o declínio do carvalho-branco no Reino Unido coloca em risco mais de 2.300 espécies.

 

Os carvalhos (Quercus spp.) têm a reputação de serem suporte para uma vasta variedade de espécies. Agora, uma investigação publicada na revista Biological Conservation, descobriu quantas espécies dependem do carvalho-branco inglês (Quercus patraea/robur) para sobreviver.

O estudo, no âmbito do Protect Oak Ecosystems, criou a mais completa lista de espécies conhecidas que dependem daqueles carvalhos nativos.

As 2.300 espécies incluem invertebrados, aves, mamíferos e fungos. Mas o estudo não incluiu bactérias ou microorganismos, por isso, o número real pode ser ainda mais elevado.

“Os nossos carvalhos antigos e grandes suportam o maior número de espécies. Estamos a beneficiar de árvores com centenas de anos”, disse à BBC a principal autora do estudo, Ruth Mitchell, do James Hutton Institute.

Das espécies registadas, 326 estão completamente dependentes destes carvalhos – só vivem nos Quercus petraea/robur – e 229 estão muito dependentes. Estas 555 espécies – entre elas uma borboleta nocturna, um fungo e um escaravelho – são as que estão mais ameaçadas pelo declínio da saúde dos carvalhos.

Segundo os autores do estudo que avaliou as implicações ecológicas do declínio do carvalho-branco no Reino Unido, os carvalhos estão em declínio a nível global por causa de pragas, doenças e pelas alterações climáticas.

Uma eventual medida para mitigar o impacto do declínio dos carvalhos na biodiversidade será substituí-los por outras espécies de árvores. Contudo, das 30 espécies de árvores alternativas, nenhuma consegue suportar tão grande variedade de espécies.

“Este artigo salienta a importância de respondermos às graves ameaças que os nossos carvalhos enfrentam, algo que também afectará um grande número de espécies que deles dependem”, comentou John Gardiner, director do Defra (Departmento para o Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais), do Governo britânico.

“O que aprendemos com este projecto irá ser usado para a nossa Iniciativa Action Oak, cujo objectivo é proteger os 121 milhões de carvalhos do Reino Unido de pragas e doenças.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.