Descoberta nova população de tigres quase extintos na Tailândia

Numa floresta do Leste da Tailândia, uma equipa de investigadores descobriu e confirmou uma população reprodutora de tigre-indochinês (Panthera tigris corbetti), espécie quase extinta, com apenas 221 animais naquele país.

 

As provas científicas da descoberta deste novo núcleo reprodutor, o segundo da Tailândia, foram reveladas nesta quarta-feira em conferência de imprensa.

 

Duas crias investigam uma pedra num trilho da floresta, junto à sua mãe

 

Esta é a primeira prova de uma população reprodutora na zona Leste da Tailândia em mais de 15 anos. E é considerada um novo sinal de esperança para o futuro do tigre-indochinês.

Até agora apenas se conhecia uma população, na zona Oeste do país, mais concretamente no Santuário de Vida Selvagem tailandês Huai Kha Khaeng, onde vivem entre 35 a 38 tigres.

Mas, depois de quase uma década de censos, no ano passado as câmaras de foto-armadilhagem registaram, pela primeira vez na zona Leste, tigres desta espécie. Seis crias e quatro fêmeas foram captadas pelas câmaras no complexo florestal Dong-Phayayen Khao Yai, sítio classificado como Património Mundial da Unesco.

 

Três tigres, a mãe e duas crias, inspeccionam uma câmara de foto-armadilhagem

 

Os animais foram encontrados graças a um censo feito com um total de 156 câmaras de foto-armadilhagem, realizado pelas organizações Freeland (que trabalha contra o tráfico de espécies selvagens) e Panthera (de conservação mundial dos felinos selvagens), com o apoio do Governo tailandês.

O censo revelou uma densidade de 0.63 tigres por 100 quilómetros quadrados, segundo uma nota de imprensa da organização Panthera. “Apesar de estes dados sugerirem que a região alberga uma densidade de tigres excepcionalmente modesta, a par de alguns dos habitats de tigres mais ameaçados do planeta, também demonstram a fantástica resiliência desta espécie, tendo em conta a caça ilegal e o abate ilegal de árvores naquela floresta, um sítio Património Mundial da Unesco”, escreve a organização.

 

Um macho curioso descobriu uma das câmaras de foto-armadilhagem

 

Há mais de uma década que a Freeland e o Departamento Nacional tailandês de Parques e Conservação da Vida Selvagem e de Plantas estão naquela floresta à procura de tigres e a treinar guardas florestais para os proteger. “Muitas vezes duvidaram da existência de tigres aqui”, disse Kraisak Choonhavan, da Freeland. “Mas estes censos provam a importância desta área. É crucial continuar o progresso feito pelo Governo tailandês para aumentar a protecção destes tigres”, acrescentou.

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, existem apenas entre 3.000 e 4.000 tigres em estado selvagem e hoje vivem num espaço que corresponde a menos de 6% do seu território histórico.

O tigre-indochinês está classificado como espécie Em Perigo de Extinção na Lista Vermelha da UICN.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.