Descrito novo género e espécie de lagarto na Amazónia

Uma equipa internacional de investigadores descreveu um novo género de lagarto da família Gymnophthalmidae, o Kataphraktosaurus gen. nov., que inclui uma única espécie, Kataphraktosaurus ungerhamiltoni sp. nov. A descoberta, publicada na revista Zootaxa, deu-se graças à combinação de informação genética e morfológica da espécie.

“A Gymnophthalmidae é uma família muito diversa de lagartos neotropicais, cuja riqueza de espécies ainda é desconhecida”, explicou, em comunicado, Ignacio de la Riva, investigador do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid (MNCN-CSIC) que participou no estudo.

“Hoje inclui 267 espécies de 52 géneros. Mas estão a descobrir cada vez mais membros deste grupo, graças à amostragem e a estudos morfológicos, combinados com a análise de dado moleculares.”

Esta equipa de investigadores fez uma análise filogenética estudando a morfologia de um único espécime descoberto na selva amazónica da Serranía del Cuao, na Venezuela.

Exemplar de Kataphraktosaurus ungerhamiltoni a partir do qual se descreveu a espécie. Foto: Fernando Rojas-Runjaic

A espécie, pertencente à subfamília Cercosaurinae, faz parte de um grupo de lagartos com adaptações à vida aquática ou semi-aquática, o que faz com que tenha características superficialmente semelhantes às dos crocodilos, como as escamas e as placas da sua pele, que fazem lembrar estes animais.

Mas esta espécie tem também elementos únicos como a presença de escamas dorsais com tamanho e disposição diferentes, escamas cefálicas grandes e simétricas, a cauda comprida e garras em todos os dedos.

“O facto de só termos podido observar um exemplar da espécie numa única localização é indicativo da raridade ou do discreto modo de vida destes animais, o que nos impede, por enquanto, de ter em conta a variação morfológica entre indivíduos”, notou de la Riva.

“Por isso, e por faltarem os dados sobre a sua ecologia, sobre o estado populacional e as suas ameaças, classificámos a espécie como “Dados Insuficientes” (DD) nas categorias de ameaça da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).”

“É preciso continuar a investigar para desvendar a biologia deste misterioso animal e a diversidade que esconde este interessante grupo de répteis”, concluiu o investigador.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.