Abutre-preto. Foto: Francesco Veronesi / Wiki Commons

Detectados 14 casais reprodutores de abutre-preto no Baixo Alentejo

Numa visita de campo em Moura, os parceiros do projecto LIFE Aegypius Return encontraram mais um casal deste abutre, Criticamente em Perigo em Portugal.

No total, são conhecidos agora 14 casais reprodutores de abutre-preto na Herdade da Contenda, onde está o único núcleo reprodutor da espécie no Baixo Alentejo. Foi nesta propriedade que o maior abutre da Europa voltou a nidificar em 2015, depois de uma ausência de 40 anos.

Um novo casal foi encontrado durante uma visita de campo recente aos 5.300 hectares da propriedade, no âmbito de uma reunião de parceiros do LIFE Aegypius Return, explica uma nota publicada pela Vulture Conservation Foundation (VCF). Esta organização europeia dedicada à conservação dos abutres é a coordenadora deste projecto co-financiado por fundos europeus, que se vai prolongar até 2027. Um dos principais objectivos é duplicar o número de casais de abutre-preto em Portugal, onde actualmente existem 40 casais desta espécie.

Para já, na Herdade da Contenda, já haverá 10 casais a incubar ovos nos ninhos, um número que deve ainda crescer, uma vez que a época de reprodução destes grandes abutres se costuma estender até Abril, indica a VCF. É esperado aliás que o número de crias seja maior do que em 2022, quando ficou abaixo do esperado.

Ninho de abutre-preto na Herdade da Contenda. Foto: Pedro Rocha

O abutre-preto (Aegypius monachus) é uma espécie Criticamente em Perigo em Portugal, onde se extinguiu nos anos 1970 e só voltou a reproduzir-se em 2010, na zona do Tejo Internacional, perto da fronteira com Espanha. É aí que está o maior núcleo reprodutor desta ave, seguindo-se a Herdade da Contenda, a Serra da Malcata e ainda o Douro Internacional, onde há poucos dias foi libertado um abutre-preto recuperado.

Até ao final do LIFE Aegypius Return, para ajudar à subida do número de casais está prevista também a instalação de 120 novos ninhos artificiais em Portugal e no oeste de Espanha, tal como a reparação de outros 105 ninhos naturais. O plano de trabalhos inclui também a cooperação com 14 áreas de caça, para que em vez de munições de chumbo sejam usadas munições sem esta substância que é fortemente tóxica para as aves.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.