Dez factos que deve conhecer sobre as florestas em Portugal e na Europa

No Dia Mundial da Árvore, a Agência Europeia do Ambiente divulga um relatório sobre a situação das florestas na Europa e as actuais tendências. Entre as mais de 100 páginas do documento ‘European Forest Ecosystems – State and Trends’, a Wilder indica-lhe alguns dos factos que vale a pena conhecer.

 

1.  186 milhões de hectares são ocupados por florestas ou outras áreas arborizadas em território europeu, onde as florestas se mantêm o habitat natural predominante em quase todo o lado. Em 2015, as florestas e outras áreas arborizadas cobriam mais de 40% da superfície total nos 33 Estados e seis países cooperantes ligados à Agência Europeia do Ambiente.

2.  Quase 70% das terras florestadas localizam-se em apenas seis países: Suécia (28 milhões hectares), Finlândia (22 milhões), Espanha (18 milhões), França (17 milhões), Noruega e Turquia (ambos 12 milhões).

3.  O crescimento da área das florestas na Europa foi de 10% desde 1990. Deve-se à expansão natural das florestas ou então ao abandono de terras agrícolas, por exemplo.

4.  35% é a percentagem aproximada de território português coberto por florestas, um pouco acima da média europeia. Entre 28 Estados-membros, Portugal surge em 14º lugar no total de área florestada, num continente onde este continua a ser o habitat natural predominante. Finlândia e Suécia, com cerca de 70% dos respectivos territórios nessas condições, lideram.

5.  Portugal é apontado como um dos países com uso intensivo de plantações florestais, nomeadamente de eucalipto. “Espécies de eucalipto têm sido plantadas para a florestação de vastas áreas em Portugal, Espanha e até um certo ponto, na Turquia. As plantações muitas vezes têm uma única espécie de árvore e por isso apresentam níveis muito mais baixos de biodiversidade do que florestas naturais”, alertam os autores do relatório, que concluem: “Intrinsecamente, as plantações representam o oposto da naturalidade.”

6.  291.000 hectares de floresta arderam em 2013, no Sul da Europa, num total de 36.000 fogos florestais. Os incêndios são uma das principais pressões sobre as florestas.

De acordo com os dados do relatório, que compara o número de área ardida em cinco países do Sul da Europa, entre 1980 e 2013, Portugal surge desde meados dos anos 90 como o país com mais hectares atingidos por fogos florestais, ano após ano. Seguem-se a Espanha, Itália, França e Grécia.

Os autores do estudo avisam também que o número de fogos reportados por cada país está muito dependente dos diferentes métodos estatísticos utilizados.

7.  Entre 75% e 100% das florestas, em Portugal Continental, estão em mãos privadas. O país é apontado como um dos Estados europeus que mais florestas tem nesse regime, juntamente com a Áustria, França, Eslovénia e Norte da Europa. Noutros países, essa percentagem ronda os 25 a 50%.

8.  10 hectares é o tamanho máximo de muitas propriedades florestais privadas, nos Estados-membros europeus. Este é apontado como um dos desafios que se colocam à gestão sustentada das florestas, no que respeita por exemplo aos acessos, infraestruturas e transferências de conhecimento.

9.  A perda e degradação de habitats, as espécies exóticas invasoras, os níveis de poluição e as alterações climáticas, que têm provocado um crescimento de grandes fogos florestais, são as quatro principais ameaças identificadas. Mas são também preocupantes as actividades humanas ligadas à indústria madeireira, ao crescimento urbano e à utilização intensiva da floresta para ocupações de lazer.

10.  Apenas 26% das espécies florestais e 15% dos habitats florestais de interesse europeu, listados na directiva europeia dos habitats, tinham um “estatuto favorável de conservação” entre 2007 e 2012, reportaram 27 Estados-membros da UE. Já a União Internacional para a Conservação da Natureza alerta que 27% dos mamíferos, 10% dos répteis e 8% dos anfíbios ligados às florestas estão em risco de extinção na UE.

 

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Para ler o relatório divulgado pela Agência Europeia do Ambiente, pode consultá-lo aqui.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.