Musgo. Foto: Andreas/Pixabay

Dia Internacional da Biodiversidade dedicado à ligação entre Natureza e vida humana

O Dia Internacional da Diversidade Biológica, que se celebra a 22 de Maio, é dedicado este ano à nossa dependência da natureza para saúde e alimentação de qualidade.

Este ano, o tema escolhido para as celebrações é “A nossa biodiversidade, a nossa alimentação, a nossa saúde”, segundo as Nações Unidas.

“Desde as espécies a ecossistemas inteiros, a diversidade biológica é vital para a saúde e bem-estar humanos”, disse António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas num comunicado para marcar o Dia Internacional da Diversidade Biológica.

“A qualidade da água que bebemos, os alimentos que comemos e o ar que respiramos, tudo isso depende de mantermos o mundo natural de boa saúde”, acrescentou.

A mesma ideia foi sublinhada por Inger Andersen, directora-geral da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). “Hoje celebramos a natureza e tudo o que ela nos dá”, mas a “voracidade cega tem levado os humanos a empurrar o mundo natural para o limiar da catástrofe”, alertou a responsável, em comunicado.

Uma das suas preocupações é a crise dos polinizadores e o declínio das populações de abelhas. Hoje estima-se que mais de 40% das espécies de insectos estejam ameaçadas de extinção.

“Com mais de três quartos das colheitas agrícolas mundiais a depender dos polinizadores, simplesmente não nos podemos dar ao luxo de continuar a aniquilá-los.”

Inger Andersen lembrou ainda a nossa dependência das populações de peixes e a sobre-exploração de 90% dos stocks pesqueiros do mundo.

Além da alimentação, “dependemos da natureza para outros elementos fundamentais para a vida: ar puro e água limpa. Precisamos da natureza para a nossa saúde e para a própria sobrevivência, como fonte de novos medicamentos, mitigação climática e protecção em relação a catástrofes naturais”, salientou ainda.

António Guterres lamentou a perda de mais de 290 milhões de hectares de florestas desde 1990 e que cerca de um milhão de espécies de animais e plantas estejam hoje em risco de extinção.

“Os impactos nas pessoas em todo o mundo serão graves”, considerou. “Prevê-se que as actuais tendências negativas em relação à biodiversidade e ecossistemas deitem por terra os progressos feitos para conseguir alcançar 80% das metas para os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável. Simplesmente não podemos deixar isso acontecer.”

Na opinião de Inger Andersen, “estamos a viver um momento decisivo na nossa História”. “Conservar a natureza é um requisito não negociável para conseguirmos um mundo mais próspero, saudável e igualitário em 2030.” “Simplesmente não podemos esperar viver vidas saudáveis num planeta doente.”

António Guterres dirigiu-se aos Governos, empresas e sociedade civil e pediu uma “acção urgente para proteger e gerir de forma sustentável a frágil e vital rede da vida no único planeta que temos”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.