Dois linces-ibéricos atropelados em estradas espanholas

Nos últimos dias, as estradas da província espanhola de Jaén revelaram-se mortais para o lince-ibérico, com dois atropelamentos, um a 18 e outro a 22 de Fevereiro. Actualmente, as mortes por atropelamento são uma das maiores ameaças à conservação desta espécie.

 

Na passada quinta-feira, dia 18 de Fevereiro, um particular avisou os técnicos da Consejería do Meio Ambiente e Ordenamento do Território, integrados no programa Iberlince, que um lince tinha sido atropelado na A-420 em Marmolejo (Jaén).

Tratava-se de uma fêmea sub-adulta não radiomarcada. O animal foi levado para o Centro de Análises e Diagnóstico da Fauna Selvagem da Junta da Andaluzia, para se proceder à necrópsia.

Alguns dias depois, a 22 de Fevereiro, outro particular alertou a guarda civil para novo atropelamento, desta feita na A-301 Vilches (Jaén). O animal era uma fêmea com um ano de idade, radiomarcada. Este lince também foi levado para aquele centro, para aí se proceder à necrópsia.

Actualmente, o atropelamento rodoviário é a maior causa de morte do lince-ibérico. Em Agosto, Miguel Ángel Simon, director do projecto Iberlince, disse à Wilder que o controlo das mortes por atropelamento é um dos maiores desafios à conservação do lince-ibérico para um futuro próximo, juntamente com o controlo das doenças de coelho-bravo (a principal presa do lince), a caça furtiva e o veneno.

A 11 de Fevereiro deste ano, o Ministério espanhol do Fomento reuniu-se com a organização WWF para falar do lince, nomeadamente das acções previstas para combater o atropelo destes animais nas estradas espanholas.

Portugal não passa ao lado do problema. No ano passado, a 22 de Outubro, um lince-ibérico morreu atropelado na A23, perto de Vila Nova da Barquinha, distrito de Santarém.

Na altura, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) disse que estava em curso o trabalho de levantamento dos “pontos negros” dos eixos rodoviários. Nos territórios de reintrodução do lince foi colocada sinalização específica aprovada para o efeito.

Entretanto, neste sábado passado, 20 de Fevereiro, o Iberlince continuou o programa de libertações dos 48 linces previstos para 2016. Mariposa e Muscaria, irmãs nascidas no Centro Nacional de Reprodução do lince-ibérico de Granadilla (Cáceres), foram libertadas em Guadalmellato (Córdova).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.