Eles estão a criar uma aplicação para ajudar agricultores a proteger abelhas

Uma equipa de investigadores norte-americanos vai lançar no final deste ano uma nova aplicação móvel para ajudar os agricultores que quiserem plantar flores silvestres para proteger os abelhões e as abelhas que polinizam as suas culturas, foi agora revelado.

 

Taylor Ricketts, director do Gund Institute for Ecological Economics da Universidade de Vermont, e o seu colega Insu Koh estão a desenvolver uma nova aplicação para ajudar os agricultores norte-americanos a calcular os benefícios que terão nas suas culturas se ajudarem os polinizadores. A aplicação foi anunciada por Ricketts no encontro anual sobre polinizadores da American Association for the Advancemente of Science (AAAS), a 19 de Fevereiro.

A aplicação móvel, que ainda não tem nome, permite aos utilizadores explorar vários cenários de gestão de solos e testar, ainda que virtualmente, de que forma decisões amigas das abelhas podem melhorar os seus negócios.

Desenvolvida com a empresa de software Azavea, esta aplicação utiliza imagens aéreas dos Estados Unidos e permite aos utilizadores “inserir a sua localização e começar a adicionar as melhores práticas para aumentar a polinização”, desde sebes que cortam o vento a prados de flores silvestres, explica Ricketts.

Os agricultores podem comparar diferentes cenários. “A aplicação vai fazer uma análise da polinização, da produtividade e do custo-benefício”. Depois, os agricultores “podem decidir quais as escolhas que lhes dão o melhor retorno do seu investimento”.

Com financiamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a aplicação móvel está a ser construída a partir do primeiro mapa norte-americano das abelhas, divulgado em Dezembro de 2015 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Este trabalho, coordenado por Ricketts, descobriu que insectos polinizadores cruciais estão a desaparecer das explorações agrícolas mais importantes dos Estados Unidos, desde o Vale central da Califórnia ao vale do rio Mississippi.

O estudo estima que a abundância de abelhas selvagens – as espécie nativas do país – declinou 23% nos Estados Unidos de 2008 a 2013. Segundo os investigadores, este declínio pode implicar grandes custos para os agricultores e uma “desestabilização” na produção alimentar do país. Ricketts lembrou que, por ano, três mil milhões de dólares (cerca de 2,8 mil milhões de euros) da economia norte-americana dependem da polinização feita por insectos autóctones como as abelhas.

“Os agricultores são parceiros naturais para protegerem as abelhas porque os polinizadores são essenciais para produzir muitos alimentos”, notou Ricketts. Cerca de dois terços das culturas mais importantes – desde o café, ao cacau e muitas frutas e vegetais – beneficiam ou dependem dos polinizadores.

Com a nova aplicação, Ricketts quer tornar acessível à sociedade os dados científicos e as práticas amigas das abelhas e dar passos concretos para reverter o declínio das abelhas. “A acção do Governo é crucial, mas salvar as abelhas exige mais do que isso”, disse. “A liderança do sector privado, especialmente dos agricultores, é crucial. As suas escolhas terão um impacto enorme no futuro dos polinizadores”.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Saiba aqui o que pode fazer para ajudar os insectos polinizadores.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.