Foto: Anja Odenberg/Pixabay

Eles vão criar um mapa das espécies em extinção no Parque Natural de Montesinho

Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto vão avaliar o risco de extinção das espécies que vivem no Parque, ao longo do tempo e do espaço, no Observatório da Biodiversidade de Montesinho.

O projecto MontObEO vai utilizar metodologias inovadoras para avaliar o risco de extinção da flora e fauna deste parque, situado no nordeste de Portugal. Será o primeiro mapa geral de extinção das espécies do Parque Natural de Montesinho.

Para isso recebeu recentemente o apoio de 250 mil euros da Fundação para a Ciências e Tecnologia (FCT).  

“O nosso método vai avaliar como a qualidade dos habitats preferidos por cada espécie em estudo muda ao longo do tempo”, explicou, em comunicado, Neftalí Sillero, investigador responsável pelo projeto. “Isto é feito através de séries temporais de modelos de distribuição potencial das espécies, que usam as imagens de satélite como fonte de dados ambientais.” 

O objetivo é construir um sistema de alerta precoce, o Observatório da Biodiversidade de Montesinho, utilizando séries temporais obtidas a partir de dados de Deteção Remota por satélite e modelos de nicho ecológico (ENMs) para identificar alterações na qualidade dos habitats. Desta forma, será possível estimar o risco de extinção das espécies ao longo do tempo e do espaço.

“O output principal vai ser um mapa geral de extinção para todo o parque considerando todas as espécies em estudo. A outra grande vantagem do nosso método é que pode ser adaptado a qualquer área de estudo (o planeta inteiro, por exemplo) e a qualquer período de tempo sempre que haja imagens de satélite disponíveis”, acrescenta Neftalí Sillero, que faz investigação no Centro de Investigação em Ciências Geo-Espaciais (CICGE), da FCUP. 

Aposta na conservação do Parque Natural de Montesinho

Se tudo correr como previsto, o Observatório de Montesinho fornecerá novos dados sobre o estado de conservação da flora e fauna no Parque Natural de Montesinho, ao nível das espécies, e especialmente dos habitats raros, mas também por grupo taxonómico e ao nível da conservação.

“Juntando todos os modelos de espécies, iremos identificar as áreas do Parque Natural de Montesinho sob maior pressão”, prevê o investigador da FCUP.

Com os resultados do projeto, a equipa de cientistas será também capaz de identificar as áreas deste parque que estão sob maior pressão. “Essas áreas deverão ser as mais importantes para a aplicação de medidas de conservação”,  detalha Neftalí Sillero.

Para implementar medidas, os resultados estarão disponíveis para toda a comunidade, sejam políticos ou outras pessoas com responsabilidades de conservação.

O projeto conta com a participação das docentes da FCUP, Ana Teodoro e Lia Duarte, e com investigadores do Instituto Politécnico Viana do Castelo,  Universidade de Córdoba e da ForestWise.

O projeto MontObEO foi um dos seis contemplados no âmbito do concurso lançado pela FCT para financiamento Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico para a promoção de atividades de I&D de âmbito interdisciplinar e pluridisciplinar a realizar na região do Parque Natural do Montesinho. O conjunto dos projetos selecionados, que terão a duração de 36 a 48 meses, traduz um investimento total de 1,4 milhões de euros.


Já que está aqui…

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Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.