Encontrado mais um urso morto nas Astúrias

É o segundo urso-pardo (Ursus arctos) encontrado morto nas Astúrias em cerca de quatro meses. Os conservacionistas estão preocupados e pedem às autoridades que não deixem de investigar estas mortes de uma espécie em perigo de extinção no Sul da Europa.

Depois de em Setembro do ano passado um macho adulto ter sido abatido a tiro no Parque Natural de Fuentes del Narcea, Degaña e Ibias, a Fundação Oso Pardo revela hoje que, a 7 de Janeiro, foi encontrado o cadáver de um outro urso na mesma área protegida.

O animal foi encontrado por turistas nas redondezas da localidade de Moal, no concelho de Cangas del Narcea, às portas da Reserva Natural Integral de Muniellos.

Acredita-se que o urso tenha morrido há relativamente pouco tempo. O SEPRONA (Serviço de Protecção da Natureza da Guardia Civil) e o Principado das Astúrias estão a investigar a zona para recolher toda a informação necessária. “Por enquanto não se pode determinar a causa da morte e teremos de esperar pelos resultados das investigações e da necropsia”, escreve a Fundação em comunicado.

O outro urso encontrado morto na mesma zona foi detectado a 9 de Setembro no caminho de acesso a Tablizas, também na Reserva Natural Integral de Muniellos. A necrópsia revelou que o animal morreu como consequência de um disparo.

A 27 de Novembro apareceu uma ursa adulta morta num laço no município de Peranzanes, em Leão.

“Se se confirmar a causa humana como origem da morte deste segundo urso, será realmente uma notícia muito preocupante e um grave precedente depois de anos de esforços de conservação e de sensibilização da sociedade para a aceitação do urso como um elemento fundamental e muito positivo na Cordilheira Cantábrica”, acrescenta a Fundação. Ali estima-se que vivam 250 ursos.

Agora, a Fundação vai pedir às autoridades para não pouparem esforços na investigação e resolução deste caso.

Também a associação espanhola FAPAS se diz preocupada “com a verdadeira situação que atravessa a conservação do urso-pardo nas Astúrias”, depois de “várias décadas de protecção da espécie e de luta eficaz contra o furtivismo”.

Também esta associação pede esclarecimentos às autoridades e que o crime não fique impune.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o urso-pardo.

O urso-pardo mede entre metro e meio e dois metros. Os machos podem pesar entre 80 e 240 quilos e as fêmeas entre 65 e 170 quilos.

A população mundial de urso-pardo está estimada em cerca de 200.000 animais. A Rússia tem as maiores populações (estimadas em 120.000 ursos), seguida dos Estados Unidos (32.200, dos quais 31.000 no Alasca) e Canadá (25.000). Há ainda ursos na China e no Japão.

Na Europa, excluindo a Rússia, calcula-se que existam cerca de 14.000 ursos. No Sul da Europa, esta é uma espécie em perigo de extinção, com populações pequenas na Grécia, Cordilheira Cantábrica, Abruzzo, Trentino e Pirinéus.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.