Encontrados os fósseis mais antigos de borboletas

Uma equipa internacional de cientistas descobriu, na Alemanha, os fósseis de borboletas mais antigos encontrados até à data. A descoberta foi publicada ontem na revista Science Advances.

 

Os investigadores encontraram asas e escamas fossilizadas em Schandelah, na Baixa Saxónia, durante uma perfuração numa zona de sedimentos, revela a Universidade de Utrecht, em comunicado. Estes foram formados na altura do evento de extinção em massa que aconteceu há 201 milhões de anos, no final do período Triássico. Este evento implicou uma actividade vulcânica massiva, quando o super continente Pangea começou a separar-se.

A equipa utilizou ácido para dissolver esses sedimentos. Este método permitiu aos investigadores aceder a pequenos fragmentos, incluindo escamas “perfeitamente preservadas” que cobriam as asas das primeiras borboletas, segundo a BBC.

A descoberta, coordenada por Timo van Eldijk e por Bas van de Schootbrugge, daquela universidade, permite concluir que as borboletas, tanto diurnas como nocturnas, não foram afectadas negativamente pelo evento de extinção em massa. Pelo contrário, poderá ter causado a sua expansão, explica o artigo científico.

 

Vleugelschubben van een Glossata-mot 

O evento de extinção em massa desferiu um duro golpe na biodiversidade na terra e nos oceanos. “Muitas espécies chave extinguiram-se, incluindo muitos répteis”, explicou Timo van Eldijk. “Contudo, um dos maiores grupos de insectos, as borboletas, parece não ter sido afectado. Na verdade, este grupo diversificou-se durante um período de transformação ecológica.”

Este novo estudo traz também novas informações sobre a co-evolução entre as flores e os insectos polinizadores.

Estes fósseis encontrados são 70 milhões de anos mais antigos do que os fósseis de plantas com flor mais antigos conhecidos até agora.

“Os fósseis que encontrámos têm escamas ocas e provam a existência de um grupo de borboletas nocturnas com estruturas para sugar o néctar, o que está relacionado com a vasta maioria das borboletas dos nossos dias”, explicou Bas van de Schootbrugge.

As borboletas de hoje são bem conhecidas pela sua associação a plantas com flores e o seu proboscide (aparelho alimentar em forma de tromba) tem sido considerado uma importante adaptação para lhes permitir alimentarem-se das flores.

Mas este novo estudo indica que as primeiras borboletas estavam associadas a plantas sem flor, o grupo de plantas dominante durante o Jurássico, onde se incluem as coníferas.

 

Fossiele vleugels 

“Este estudo transformou a forma como olhamos para a história evolutiva das borboletas e para a sua resiliência”, comentou Timo Van Eldijk.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.