Entrevista a António Coelho, fotógrafo com fixação por fungos e cogumelos, distinguido nos World Nature Photography Awards

Foto: António Coelho

António Bernardino Coelho, engenheiro eletrotécnico de 41 anos, viu a sua fotografia “Foggy Morning” distinguida nos World Nature Photography Awards. À Wilder contou como e onde captou a imagem e o que a fotografia de natureza representa na sua vida.

WILDER: O que significa para si ter sido distinguido neste concurso de fotografia?

António Bernardino Coelho: Ser distinguido neste concurso é uma enorme alegria para mim. É um orgulho ter trabalhos relacionados com natureza distinguidos. Além disso, trata-se de um concurso internacional o que faz elevar um pouco o meu nome na área da fotografia, que não se dedica unicamente à natureza. No entanto, na área da natureza, dedico-me essencialmente à fotografia de fungos e cogumelos. Aliás, tenho uma fixação por este tipo de elementos naturais, quer pelas cores, quer pelas formas e pela importância que apresentam para o ambiente.  

Assim, ser distinguido num concurso a nível internacional é mesmo um orgulho para mim. 

W: Onde e quando foi captada esta fotografia?

António Bernardino Coelho: A imagem foi captada em Recarei, Paredes, durante o Outono, a melhor altura do ano para se encontrarem estes elementos naturais. 

W: Pode contar um pouco da história por detrás desta imagem? 

António Bernardino Coelho: A imagem foi captada numa manhã, com algum nevoeiro. O efeito de névoa, misturado com o efeito de bokeh proporcionado pela lente, criaram um efeito interessante que me motivou a tentar obter o melhor ângulo para fotografar os fungos. Acabei por posicionar a máquina no tripé quase no chão virada para o tronco, tentando misturar os fungos com o musgo do tronco velho onde se encontravam. 

Os fungos da família dos “mycenas” são pequenos e muitos finos e quase parecem transparentes. O resultado, para mim, foi engraçado e foi esta a fotografia que processei e guardei.

W: Foi a primeira vez que participou neste concurso?

António Bernardino Coelho: Neste concurso, sim. Tenho participado noutros concursos e alguns deles também nacionais, como o FIIN, onde em 2019 consegui o 2º lugar também nesta temática com outra imagem de fungos e cogumelos. Nesta temática participei também no The Royal Horticultural Society onde consegui obter o terceiro lugar em plantas. 

W: O que a fotografia de natureza representa na sua vida?

António Bernardino Coelho: A fotografia de natureza é algo que desperta a mente das pessoas para a importância que esta representa para cada um de nós. Uso a fotografia, não apenas de natureza, para chamar a atenção para o que nos rodeia. O simples facto de encontrar, por exemplo, um determinado tipo de fungo ou cogumelo pode ser relevante para se conhecer, por exemplo, o estado do ar que respiramos, ou se o solo tem características boas ou más, etc. 

A fotografia de natureza apresenta de uma forma natural o que nos rodeia; através dela podemos ser também criativos, quer pelo uso das cores, texturas ou formas. Além disso a fotografia de natureza é um excelente meio de conhecer o meio que nos rodeia, fazer e praticar caminhadas, proporcionando o bem-estar da mente e do corpo. 

W: Como e quando começou a fotografar a natureza?

António Bernardino Coelho: A fotografia de natureza acompanhou-me desde o início do meu caminho na fotografia. Em 2010 comecei a fotografar em máquinas antigas de forma autodidata e só em 2015 é que comprei a primeira máquina digital. Nesta fase dediquei-me à fotografia no geral, retratos, arquitetura, paisagem e macro também.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.