Escolas de Aveiro vão tornar-se especialistas em florestas

O projecto europeu CareFOREST, cujo representante português é a ASPEA, quer melhorar os conhecimentos da comunidade escolar na conservação e importância das florestas.

Nos próximos dois anos, o projecto CareFOREST – Taking care of forest for protecting local and global ecosystems and human life vai apostar na literacia para as florestas de professores e alunos.

Portugal é um dos países participantes neste projecto europeu de Educação Ambiental, através da ASPEA (Associação Portuguesa de Educação Ambiental) e do município da Lousada, foi anunciado ontem.

O projecto, com um orçamento de cerca de 300.000 euros – obtido pelo programa Erasmus+, o instrumento financeiro da Comissão Europeia para a Educação – envolve Portugal, Espanha, Roménia e Noruega.

O objectivo é a “capacitação para a educação florestal da comunidade escolar, desde os organismos de tutela educativa, aos professores e alunos”, explicou a ASPEA em comunicado enviado à Wilder.

A primeira reunião dos parceiros do projecto, coordenado pelo Conselho para a Educação da Junta da Galiza, acaba de decorrer em Balikesir, na Turquia.

“Nos anos mais recentes, os mediáticos acontecimentos ligados às florestas, tais como os catastróficos incêndios de proporções nunca antes registados tanto na península Ibérica como na Escandinávia, assim como a galopante desflorestação na região dos Cárpatos que tem motivado intensas manifestações por parte das populações, demonstram a urgência da necessidade de mudança de paradigma na educação para a conciliação da vivência humana com a preservação dos espaços florestais na Europa”, escreve a associação portuguesa.

Por isso, o CareFOREST vai produzir recursos digitais dedicados e interativos, designadamente um e-book e uma plataforma digital. 

O processo de criação destes materiais de aprendizagem irá envolver toda a comunidade educativa e outros parceiros estratégicos, desde organizações não governamentais e municípios a empresas e escolas.

“O projecto CareFOREST partiu da necessidade de criar recursos educativos inovadores, adaptados às problemáticas relacionadas com as florestas que se verificam em diferentes países europeus”, explicou Joaquim Ramos Pinto, presidente da ASPEA, em comunicado.

“Simultaneamente, pretende-se que a comunidade educativa venha a dispor de ferramentas que complementem e enriqueçam o ensino das matérias curriculares, tornando-o mais cativante e divertido.” 

O projeto vai ainda organizar workshops e um curso de formação para educadores.

Em Portugal, o CareFOREST vai integrar escolas associadas do concelho de Aveiro e outras do distrito, estando já confirmada a adesão da Escola Secundária Dr. Mário Sacramento.

Apesar de as escolas piloto nesta primeira fase serem de Aveiro, o projecto “será alargado a escolas de outras regiões, numa segunda fase do próximo ano letivo”, explicou Joaquim Ramos Pinto à Wilder.

A implementação prática do projecto vai acontecer na Quinta Ecológica da Moita, da ASPEA. Ali, os participantes vão experimentar e experienciar o que é a gestão florestal sustentável.

“Procurar-se-á melhorar o conhecimento sobre os impactes das atividades humanas nos ecossistemas, ao mesmo tempo que se formam cidadãos cada vez mais alerta para os problemas que se colocam neste âmbito, dotando-os desde cedo de competências para as respostas que se afiguram cada vez mais necessárias”, comentou Nelson Matos, coordenador do projecto.

Acima de tudo, “espera-se um aumento da consciência relativa à importância das florestas enquanto recurso de vida e bem-estar”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.