Escultor francês vence prémio Wildlife Artist of the Year 2016

A escultura em bronze de uma enguia-de-fita-azul (Rhinomuraena quaesita) fez do francês Umberto Umberto o grande vencedor da 9ª edição do Wildlife Artist of the Year, galardão anual entregue pela David Shepherd Wildlife Foundation para distinguir o melhor da arte naturalista. Os prémios foram entregues ontem à noite numa cerimónia nas Mall Galleries em Londres.

 

Umberto recebeu o prémio, no valor de 10.000 libras (cerca de 12.000 euros). O júri considerou que a sua escultura “é um maravilhoso contraste entre a leveza das formas e o peso do bronze”. Sarah Barker, um dos membros do júri, comentou em comunicado que “a sua bela textura suave cria uma evocação muito moderna e original da arte que representa a vida selvagem”.

 

Gibbon Eel, de Umberto
Gibbon Eel, de Umberto

 

Este escultor que vive em Cher, França, nem queria acreditar quando lhe disseram ser o grande vencedor. Umberto, um autodidata, trabalhou durante dez anos no sector da publicidade. Depois começou a trabalhar num atelier de fundição artística e iniciou-se na escultura. Entretanto foi viver para o campo e abriu um atelier, onde continua a trabalhar até hoje. As suas esculturas têm ganho vários prémios e são vendidas a colecionadores por todo o mundo.

Em segundo lugar ficou a pintura a óleo “Fading Giant”, do artista italiano Stefano Zagaglia, de Milão. Segundo a Fundação, a obra foi selecionada por representar tudo o que a instituição está a tentar proteger. “Sem palavras, a obra diz ‘algo grandioso está a desintegrar-se perante os nossos olhos’ e o espaço em branco será a única coisa que restará”, comentou o membro do júri Hazel Soan.

 

Fading Giant, de Stefano Zagaglia
Fading Giant, de Stefano Zagaglia

 

Warren Cary, de Hoedspruit (África do Sul), venceu a categoria Animal Behaviour com a obra “Game Face On”.

 

Game Face On, de Warren Cary
Game Face On, de Warren Cary

 

Alan Woollett, de Kent (Reino Unido), ficou em primeiro lugar na categoria Earth’s Beautiful Creatures, com “Maribou Portrait”.

 

Alan Woollett e Maribou Portrait. Foto: DSWF
Alan Woollett e Maribou Portrait. Foto: DSWF

 

A categoria Hidden World teve como vencedor Dido Crosby, de Londres (Reino Unido), com “Boomslang”.

 

Dido Crosby e Boomlangs. Foto: DSWF
Dido Crosby e Boomlangs. Foto: DSWF

 

Nick Oneill, de Brighton (Reino Unido), venceu a categoria que homenageia o mundo aquático – sejam oceanos, praias, zonas húmidas ou rios – Into the Blue com a obra “Heart of the Sea”.

 

Heart of the Sea, de Nick Oneill
Heart of the Sea, de Nick Oneill

 

A categoria Urban Wildlife reconheceu o trabalho “Wire Fox, Unnatural Selection”, de Candice Bees, de Newport, País de Gales.

 

Candice Bees com Unnatural Selection. Foto: Adele Behles
Candice Bees com Unnatural Selection. Foto: Adele Behles

 

Para mostrar o mundo que está a desaparecer, na categoria Vanishing Fast, o júri escolheu “Siberian Crane”, de Naeenah Naeemaei, de Teerão (Irão).

 

Siberian Crane, de Naeemeh Naeemaei
Siberian Crane, de Naeemeh Naeemaei

 

“Sleep Tight”, da artista alemã Tamara Pokorny, venceu na categoria Wings, Feathered or Otherwise, que pretende mostrar a extraordinária variedade do mundo natural alado, desde aves a insectos.

 

Sleep Tight, de Tamara Pokorny
Sleep Tight, de Tamara Pokorny

 

Na categoria David Shepherd Choice, o grande vencedor foi o francês Laurence Saunois, com “The Sentinel”.

 

David Shepherd com a obra The Sentinel, de Laurence Saunois. Foto: DSWF
David Shepherd com a obra The Sentinel, de Laurence Saunois. Foto: DSWF

 

O director da revista “The Artist Magazine” selecionou “Crossroads”, do sueco Gunnar Tryggmo, como vencedor na categoria The Artist Magazine Award.

 

Gunnar Tryggmo com Crossroads. Foto: DSWF
Gunnar Tryggmo com Crossroads. Foto: DSWF

 

As obras vencedoras estão expostas nas Mall Galleries em Londres de 28 de Junho a 2 de Julho. No final da exposição, os visitantes vão escolher o vencedor da categoria People’s Choice. Cada um dos vencedores das categorias ganha um prémio de 500 libras (cerca de 600 euros).

Os prémios Wildlife Artist of the Year foram lançados em 2007 para sensibilizar a sociedade e angariar financiamento para proteger a vida selvagem ameaçada. Tudo através dos melhores artistas que representam a biodiversidade, desde pinturas a óleo e aguarela a fotografias e esculturas a bronze e cerâmica.

Este ano, o júri nomeou 136 obras para o grande prémio.

“Criei a minha Fundação com o único propósito de devolver algo aos animais que me ajudaram a ter sucesso como artista”, comentou David Shepherd, artista de vida selvagem e conservacionista de 85 anos. “Numa altura em que a vida selvagem do mundo está tão ameaçada pelo aumento da população humana e pelo tráfico de espécies, parece-me que devemos dar um passo atrás e reflectir sobre a simples beleza e diversidade do nosso mundo natural e o que se poderia perder se não apreciássemos o valor do mundo à nossa volta.”

Todas as obras em exposição estão para venda. As receitas vão para os projectos apoiados pela Fundação em vários pontos de África e Ásia. Desde 2007, este prémio já angariou mais de 320.000 libras (cerca de 386.000 euros) para a conservação da natureza.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.