Pardal-comum. Foto: Tim/Pixabay

Espanha perdeu 30 milhões de pardais na última década

Entre 2008 e 2018, Espanha perdeu 21% da sua população de pardal-comum. Hoje lançou a campanha “Aves de Bairro” para proteger esta e outras espécies selvagens das cidades.

 

A população de pardal-comum (Passer domesticus) sofreu um “declínio alarmante” de 21% nos últimos 10 anos em Espanha, o que em números se traduz numa perda de 30 milhões de pardais em menos de uma década, segundo dados do Programa de Seguimento de Aves Comuns na Primavera (Sacre).

Estes dados foram apresentados hoje durante a sessão de lançamento da campanha “Aves de Bairro”, em Madrid, que contou com a presença da ministra do Ambiente espanhola, Teresa Ribera.

 

Pardal-comum. Foto: Karthik Easvur/Wiki Commons

 

Segundo a coordenadora da campanha “Aves de Bairro”, da SEO/Birdlife, Beatriz Sánchez, se a tendência não se alterar, em breve poderão existir cidades sem pardais, citou a agência espanhola de notícias EuropaPress.

Este declínio do pardal-comum também é preocupante porque é “possível” que os factores que causam este declínio possam também afectar as outras aves que também vivem nas cidades.

Com o lema “As cidades estão a ficar, a pouco e pouco, sem os seus vizinhos de toda a vida”, a organização SEO/Birdlife defende que as aves de bairro, como os pardais, podem contribuir para melhorar a biodiversidade e a qualidade de vida nas cidades.

No âmbito desta campanha, a SEO/Birdlife anunciou que vai promover o seguimento das populações de pardal-comum e que vai estudar as causas do seu declínio, assim como as possíveis consequências para a qualidade de vida das cidades.

Além disso estão previstas medidas de conservação direccionadas ao pardal e a outras espécies, como a integração de critérios para favorecer estas aves na gestão das zonas verdes ou na concepção e reabilitação de edifícios.

“Num mundo em que cada vez mais pessoas vivem nas cidades, queremos que estas sejam mais verdes, mais biodiversas, que sejam mais saudáveis para todos os seus habitantes”, disse hoje na cerimónia Asunción Ruiz, directora executiva da SEO/Birdlife. “Enquanto sociedade, temos a responsabilidade de cuidar do nosso património natural também nos centros urbanos.”

Desde as últimas décadas do século XX, as populações de pardal-comum têm vindo a diminuir ano após ano, especialmente nas principais capitais europeias, como Berlim, Paris, Praga ou Londres.

Estima-se que nos últimos 30 anos, a Europa tenha perdido 60% dos seus pardais-comuns, segundo a SEO/Birdlife. Para chamar a atenção para esta espécie, celebra-se a 20 de Março o Dia Mundial do Pardal-comum.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Siga a campanha no Twitter, através da hashtag #AvesDeBarrio.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.