Pardal-comum. Foto: Tim/Pixabay

Espanha tem vindo a perder aves agrícolas e urbanas nos últimos 20 anos

Entre 1998 e 2018, as populações de aves dos meios agrícolas registaram uma redução de quase 20% e as aves das cidades de 12%, segundo a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife).

Segundo os dados do Programa de Seguimento Sacre, revelados a 20 de Agosto, o meio agrícola “é o tipo de habitat ou ambiente com o maior número de espécies de aves em estado desfavorável e com maiores declínios populacionais em Espanha e na Europa”, nos últimos 20 anos, escreve a SEO/Birdlife em comunicado.

Um declínio de cerca de 20% “implica vários milhões de aves a menos” entre 1998 e 2018 em Espanha.

Entre as espécies de aves de meios agrícolas com maior redução populacional estão o peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus), o picanço-real (Lanius meridionalis) e o trigueirão (Emberiza calandra).

Este declínio acentuou-se em 2018 em “todos os tipos agrícolas considerados, excepto nos do Norte de Espanha”, onde melhorou ligeiramente.

Peneireiro-vulgar. Foto: Primejyothi/Wiki Commons

Espécies como a andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), o pardal-comum (Passer domesticus), o chamariz (Serinus serinus), a pega-rabuda (Pica pica) e o andorinhão-preto (Apus apus) “estão em declínio moderado”, segundo a organização.

Em situação considerada estável estão espécies como o estorninho-malhado (Sturnus vulgaris) e o pombo-das-rochas (Columba livia). Já o estorninho-preto (Sturnus unicolor) e o andorinhão-pálido (Apus pallidus) “conseguiram um aumento moderado”.

Nas cidades, o declínio das aves comuns entre 1998 e 2018 foi de 12%.

“O aumento de espécies exóticas invasoras pode dar a impressão de que há cada vez mais aves nos meios urbanos e esconder o mau estado das espécies que sempre viveram nas nossas cidades e vilas”, alertou Juan Carlos del Moral, coordenador da Ciência Cidadã da SEO/Birdlife.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.