Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ do Lince-Ibérico

Especialistas propõem reintroduzir 40 linces-ibéricos na natureza em 2017

Um total de 40 linces-ibéricos poderão ser reintroduzidos ao longo de 2017 em Portugal e Espanha, propuseram nesta semana os especialistas em conservação da espécie numa reunião em Sevilha.

 

O número foi avançado pela comissão de acompanhamento do projecto LIFE+ Iberlince, durante uma reunião na terça-feira em Sevilha. O grande objectivo é “reforçar a população desta espécie nas zonas de reintrodução da Península Ibérica”, explicam os técnicos em comunicado.

Por agora, o plano é soltar oito linces em cada uma das áreas de reintrodução em Portugal (no Vale do Guadiana, concelho de Mértola) e em Espanha (Vale de Matachel, Badajoz; Montes de Toledo, Toledo; Sierra Morena Oriental, Ciudad Real e Guadalmellato, e Guarrizas, Jaén).

Desde o início da reintrodução de linces-ibéricos na natureza, em Dezembro de 2009, já foram libertados mais de 170 animais. A maioria veio dos cinco centros de reprodução em cativeiro; os restantes foram animais capturados no campo.

Com estes esforço conservacionista pretende-se que os animais se fixem e reproduzam nesses locais a fim de recuperar a distribuição histórica de uma espécie que se estima viver na Península Ibérica há, pelo menos, 27.000 anos.

Em Portugal, as libertações começaram a 16 de Dezembro de 2014, com Katmandú e Jacarandá. Em Maio, soubemos que esta fêmea deu à luz as primeiras crias de lince confirmadas na natureza nos últimos 40 anos.

De acordo com o mais recente censo sobre o lince-ibérico, estima-se que existam na natureza 404 animais desta espécie, classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba como é cuidar dos linces no Vale do Guadiana e quantos linces nascidos em Silves já foram pais na natureza.

Leia a nossa série “Como nasce um lince-ibérico” e conheça os veterinários, video-vigilantes, tratadores e restante equipa do Centro Nacional de Reprodução (CNRLI) em Silves.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.