Estas são as 10 novas espécies de 2018 eleitas como as mais curiosas

São novas para a Ciência, são curiosas e “encontraram formas de sobreviver contra tudo e contra todos”. Estas são as 10 Novas Espécies para 2018, eleitas pelo College of Environmental Science and Forestry (ESF), numa iniciativa que todos os anos chama a atenção para a importância de conhecermos a biodiversidade mundial.

 

A lista das 10 Novas Espécies de 2018 tem animais, plantas e micróbios. Estas foram as escolhidas de entre as cerca de 18.000 espécies que são descobertas para a Ciência todos os anos.

A primeira lista, compilada pelo International Institute for Species Exploration (IISE), da ESF, foi feita em 2008.

“Estou permanentemente maravilhado com a quantidade e diversidade de novas espécies descobertas”, disse em comunicado Quentin Wheeler, presidente da ESF e director do IISE.

“Por ano damos nome a cerca de 18.000 espécies mas acredito que, pelo menos, 20.000 se extingam anualmente”, alertou. “Tantas destas espécies serão perdidas para sempre se não as encontrarmos, se não lhes dermos um nome e as descrevermos. E ainda assim, elas podem ensinar-nos tanto sobre a complexidade dos ecossistemas e os detalhes da história da evolução. Cada uma delas encontrou uma forma de sobreviver contra tudo e contra todos, contra as alterações climáticas e as alterações ao seu habitat.”

O comité internacional de taxidermistas do instituto selecciona o Top 10 de entre cerca de 18.000 novas espécies descobertas no ano anterior. A lista é divulgada a 23 de Maio para celebrar o aniversário de Carolus Linnaeus, o botânico sueco do século XVIII considerado o pai da taxonomia moderna.

Estas são, então, as 10 Novas Espécies de 2018:

 

Protista Ancoracysta twista

Foto: Denis V. Tiknonenkov

 

Localização: Desconhecida

Descoberta num aquário em San Diego, Califórnia, esta protista unicelular não pertence a qualquer grupo conhecido e tem um genoma rico e único. É predadora de outras protistas e a sua origem geográfica em estado selvagem não é conhecida.

 

Árvore da Mata Atlântica Dinizia jueirana-facão

Foto: Gwilym P. Lewis

 

Localização: Brasil

A Dinizia jueirana-facão, árvore da família das leguminosas, pode chegar aos 40 metros de altura, emergindo por entre a copa da Mata Atlântica onde foi descoberta. Esta enorme árvore, que pode pesar 56 toneladas, é impressionante. Apenas se conhece existirem 25 árvores desta espécie, todas na Reserva Natural da Vale, no estado brasileiro do Espírito Santo.

 

Crustáceo Epimeria quasimodo

Foto: Cédric d’Udekem d’Acoz/ Royal Belgian Institute of Natural Sciences

 

Localização: Oceano Antárctico

Este minúsculo crustáceo, com 50 milímetros de comprimento, recebeu o nome em homenagem a uma das personagens criadas por Victor Hugo, o corcunda Quasimodo. E porque parece mesmo ter uma corcunda. Pertence a um género que é abundante nas águas gélidas da Antárctida.

 

Escaravelho Nymphister kronaueri

Foto: C. von Beeren

 

Localização: Costa Rica

O pequenino Nymphister kronaueri é um escaravelho com 1,5 milímetros de comprimento que vive apenas no meio de uma espécie de formigas, as Eciton mexicanum. Estas formigas são nómadas e passam duas a três semanas em viagem e depois passam duas ou três semanas num local. Durante as viagens, estes escaravelhos agarram-se ao abdómen das formigas e vão de boleia. E podem passar despercebidos porque o seu corpo é exactamente do mesmo tamanho e cor do que os abdómen das formigas. Agora, de que forma é que os escaravelhos evitam ser presas destas formigas é que os cientistas ainda não conseguiram descobrir.

 

Orangotango Pongo tapanuliensis

Foto: Andrew Walmsley

 

Localização: Samatra, Indonésia

Com apenas 800 animais no planeta, esta é a espécie de grande símio mais ameaçada do mundo. Em 2001, os orangotangos de Samatra e do Bornéu foram reconhecidos como espécies diferentes ( Pongo abelii e Pongo pygmaeus). Mas uma equipa de investigadores olhou melhor para estes animais e concluiu que uma população isolada no limite sul dos orangotangos de Samatra, em Batang Toru, eram uma espécie totalmente diferente. Esta população de apenas 800 indivíduos sobrevive em cerca de mil quilómetros quadrados, num habitat fragmentado.

 

Peixe Pseudoliparis swirei

Foto: Mackenzie Gerringer, University of Washington. ©Schmidt Ocean Institute

 

Localização: Oceano Pacífico

No abismo da Fossa das Marianas, o lugar mais profundo do planeta, foi encontrada uma espécie de peixe, a entre 6,898 e 7,966 metros de profundidade. Apesar de ser pequeno, este parece ser o predador de topo nesta comunidade das profundezas do oceano. As câmaras conseguiram registar um animal a 8,143 metros de profundidade mas não foi recuperado e não se pode confirmar se é da mesma espécie. O peixe pertence à família Liparidae, que tem mais de 400 espécies.

 

Flor Sciaphila sugimotoi

Foto: Takaomi Sugimoto

 

Localização: ilha Ishigaki (Japão)

A maioria das plantas capta energia solar para se alimentar, através da fotossíntese. Poucas, como a S. sugimotoi, dependem não do Sol mas de outros organismos. Neste caso, de um fungo que lhe dá alimento. A delicada flor surge em Setembro e Outubro. A espécie é considerada Criticamente Em Perigo porque apenas foi encontrada em duas localizações naquela ilha e está representada por apenas 50 plantas.

 

Fungo Thiolava veneris

Foto: Miquel Canals, Universidade de Barcelona

 

Localização: Ilhas Canárias

Quando o vulcão submarino Tagoro entrou em erupção ao largo das ilhas Canárias, em 2011, causou um aumento abrupto da temperatura da água, uma redução do oxigénio e a libertação de grandes quantidades de dióxido de carbono, arrasando grande parte do ecossistema marinho. Três anos depois, cientistas descobriram os primeiros colonizadores desta nova área, um fungo que forma uma cobertura esbranquiçada de cerca de 2.000 metros quadrados, a profundidades entre os 129 e os 132 metros. As características metabólicas desta nova espécie permitem-lhe colonizar um novo fundo marinho, preparando o caminho para a chegada de outras espécies. Chamaram-lhe “Cabelo de Vénus”.

 

Leão marsupial Wakaleo schouteni

Ilustração: Peter Schouten

 

Localização: Austrália

Há cerca de 23 milhões de anos, um leão marsupial, Wakaleo schouteni, vagueava pela região onde hoje se localiza Queensland, à procura das suas presas. Cientistas da Universidade de Nova Gales do Sul recuperaram fósseis que provaram ser de um animal até então desconhecido. Pesando cerca de 25 quilos, este predador passava a maior parte do seu tempo em cima das árvores. Os seus dentes sugerem que era um omnívoro.

 

Escaravelho Xuedytes bellus

Foto: Sunbin Huang e Mingyi Tian

 

Localização: China

Esta nova espécie de escaravelho foi encontrada numa gruta em Du’an, na província chinesa de Guangxi. Tem nove milímetros de comprimento e está adaptado à vida na permanente escuridão deste complexo de grutas. Até ao momento, mais de 130 espécies, representando quase 50 géneros, foram descritas a partir da China. Esta nova espécie é um acrescento espectacular a esta fauna.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.