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Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

Este ano há 107 casais de águia-imperial a nidificar na Andaluzia

Um total de 107 casais nidificantes de águia-imperial (Aquila adalberti) foram registados este ano na Andaluzia, revela hoje a Junta daquela região espanhola.

 

Ainda assim, este número poderá aumentar, uma vez que foram detectados outros nove possíveis casais. Se isto se confirmar, o número de casais poderá igualar ou ultrapassar o número do ano passado, 111.

“Estes resultados parecem indicar a estabilização desta rapina, alvo de um Programa de Acção no âmbito do Plano de Recuperação da espécie na Andaluzia”, escreve a Junta em comunicado.

Os censos confirmam que esta espécie, classificada Em Perigo de extinção, está a nidificar na província de Jaén (43 casais), seguida de Sevilha (25), Córdova (24), Cádiz (4), Granada (1) e no Espaço Natural de Doñana (10). A Junta destaca o reaparecimento desta ave como reprodutora em Granada, depois de um século de ausência.

 

Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

 

Actualmente, a águia-imperial tem estabilizado os seus núcleos na Serra Morena (onde se concentra cerca de 90% da sua população), Doñana e Cádiz.

Além disso, este ano nasceram 135 crias, 15 dos quais morreram.

Os resultados deste censo “confirmam que a Andaluzia volta a superar o limite dos 100 casais e dos 4.000 quilómetros quadrados, considerados de acordo com a Directiva Aves como critérios para alcançar um estado favorável de conservação”, acrescenta.

Segundo a Estratégia espanhola para a Conservação da Águia-Imperial, para conseguir uma população reprodutora com tendência de crescimento deve-se conseguir, pelo menos, 500 casais na Península Ibérica. Para o conseguir, a Junta da Andaluzia criou uma equipa de seguimento especializada e está a colaborar com vários proprietários da região com presença de águia-imperial. Trabalha ainda na redução das causas de mortalidade não natural desta ave, como a colisão com linhas eléctricas e o uso ilegal de iscos envenenados, e no resgate de crias ou ovos em risco.

Em Portugal, a águia-imperial é uma espécie com estatuto de Criticamente em Perigo. A ave extinguiu-se nos anos 1970. Depois de uma lenta recolonização com aves vindas de Espanha, em 2013 haviam em Portugal 11 casais confirmados.

No terreno está a decorrer o projeto LIFE Imperial (2014-2018), coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN), que pretende contribuir para o aumento da população da espécie em Portugal. O Projecto LIFE Imperial está a ser implementado nas ZPE da Rede Natura 2000 de Castro Verde, Vale do Guadiana, Mourão/Moura/Barrancos e Tejo Internacional, Erges e Pônsul.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.